(FUVEST 2012 - 2 fase) Leia o excerto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.
Na sala, a tia Vicência ainda nos esperava desconsolada, entre todas as luzes, que ardiam no silêncio e paz do serão debandado:
- Ora uma coisa assim! Nem querem ficar para tomar um copinho de geleia, um cálice de vinho do Porto!
- Esteve tudo muito desanimado, tia Vicência! - exclamei desafogando o meu tédio. - Todo esse mulherio emudeceu, os amigos com um ar desconfiado...
Jacinto protestou, muito divertido, muito sincero:
- Não! Pelo contrário. Gostei imenso. Excelente gente! E tão simples... Todas estas raparigas me pareceram ótimas. E tão frescas, tão alegres! Vou ter aqui bons amigos, quando verificarem que eu não sou miguelista.
Então contamos à tia Vicência a prodigiosa história de D. Miguel escondido em Tormes... Ela ria! Que coisas! E mau seria...
- Mas o Sr. Jacinto, não é?
- Eu, minha senhora, sou socialista...
a) Defina sucintamente o miguelismo a que se refere o texto e indique a relação que há entre essa corrente política e a história do Brasil.
b) Tendo em vista o contexto da obra, explique o que significa, para Jacinto, ser “socialista”.
Gabarito:
Resolução:
a) O miguelismo foi uma corrente de viés absolutista que defendeu, em Portugal, a legitimidade de D. Miguel, irmão de D. Pedro I, à sucessão do trono português. Para o contexto brasileiro, tais convulsões políticas na Coroa representaram a abdicação de D. Pedro I e seu forçado retorno à terra natal para lutar contra o irmão em 1831. Tal encadeamento de eventos levou à crise de sucessão que inaugurou o período regencial brasileiro e definiu os rumos políticos e as circunstâncias do Segundo Reinado.
b) O "socialismo" de Jacinto está muito vinculado a um ideal ainda paternalista, sem a ideia de diminuição de privilégios para a elite. O assistencialismo e a pena do protagonista diante de trabalhadores rurais em condições precárias configuram seu espírito social que, na realidade, não se desvencilha de valores burgueses e aristocráticos ainda presentes no século XIX.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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