Questão 44488

(FUVEST 2012 - 2 fase) Leia o seguinte excerto de Capitães da areia, de Jorge Amado, e responda ao que se pede.

O sertão comove os olhos de Volta Seca. O trem não corre, este vai devagar, cortando as terras do sertão. Aqui tudo é lírico, pobre e belo. Só a miséria dos homens é terrível. Mas estes homens são tão fortes que conseguem criar beleza dentro desta miséria. Que não farão quando Lampião libertar toda a caatinga, implantar a justiça e a liberdade?

Compare a visão do sertão que aparece no excerto de Capitães da areia com a que está presente no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, considerando os seguintes aspectos:

a) a terra (o meio físico);

b) o homem (o sertanejo).

Responda, conforme solicitado, considerando cada um desses aspectos nas duas obras citadas.

Gabarito:

Resolução:

a) A visão da personagem de Capitães da areia destoa da caracterização do ambiente do sertão na obra de Graciliano Ramos. Em Vidas Secas não há espaço para beleza e lirismo, e a aridez e a dureza da terra arrasada pela seca e pela miséria ofusca a possibilidade de transcendência dessa condição. Já na prosa de Jorge Amado, pela inserção da peronagem no ambiente sertanejo, a realidade deste último torna-se mais suportável e, através da saudade, motivo de emoção e inspiração de beleza. Há uma confluência, no entanto, entre as paisagens humanas miseráveis nos dois romances, mas que para Volta Seca é fonte de força e encanto, enquanto para Fabiano e sua família - que compõe esse quadro social - é constante fonte de amargura e dificuldades. 

b) As personagens de Graciliano Ramos em Vidas Secas são desumanizadas pelas condições do sertão e, portanto, incapazes de nutrir sentimentos e pensamentos perenes sobre a própria vida e a condição. Noções como a honra, a beleza, a justiça e a poesia escapam em sua complexidade do espectro humano de Fabiano, Sinhá Vitória e os demais sertanejos. Em Capitães da areia, por outro lado, tem-se na personagem de Volta Seca um desejo pela vida e pela justiça no sertão, que se concretiza quando ele adere ao cangaço e faz do ambiente e da condição de vida áridos motivo de luta. Há portanto, uma contraposição entre a passividade e o imobilismo das personagens de Ramos diante de sua condição, e a fúria, ação e desejo reveladas pela trajetória do jovem narrada por Jorge Amado. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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