Questão 44777

(FUVEST - 2011 - 1ª fase)

A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde há muito tempo. Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e alienação.

Octavio Ianni. Dialética das relações sociais. Estudos avançados, n. 50, 2004. 77

Segundo o texto, a questão racial configura-se como “enigma”, porque

A

é presa de acirrados antagonismos sociais.

B

tem origem no preconceito, que é de natureza irracional.

C

encobre os interesses de determinados estratos sociais.

D

parece ser herança histórica, mas surge na contemporaneidade.

E

muda sem cessar, sem que, por isso, seja superada.

Gabarito:

muda sem cessar, sem que, por isso, seja superada.



Resolução:

A) INCORRETA: não pode ser considerada a alternativa que responde essa questão por causa do pronome demonstrativo "Esse", que inicia o terceiro período do texto. Quando o autor opta por colocar "esse", ele o faz para referenciar a algo que já foi dito. Então, quando temos "Esse é o enigma", o pronome demonstrativo está se referindo a toda a situação anterior, das mudanças que a questão social sofre e vem sofrendo ao decorrer dos tempos. A alternativa a só estaria correta se o autor utilizasse o "Este", pronome demonstrativo que referencia a algo que será dito em sequência. Logo, se fosse "Este é o enigma (...)", todas as informações posteriores a essa expressão (divisão tolerante x intolerante, discriminados x preconceituosos, etc.) seria considerada como o enigma que o autor quer relevar.

B) INCORRETA: pois isso não é afirmado no texto e, mesmo que fosse afirmado, não poderia ser considerado um enigma, mas sim uma certeza. Só seria um enigma se isso ficasse implícito, o que não acontece.

C) INCORRETA: pois em nenhum momento do texto a questão sobre interesses é debatida, o que não nos permite afirmar que há um encobrimento de interesses de estratos sociais.

D) INCORRETA: uma vez que fala que a questão racial parece ser uma herança histórica, ou seja, diz que não é algo histórico, tendo surgido somente no presente, ao passo que o texto diz que a questão racial é, de fato, algo que está presente há muito tempo. Isso fica claro para nós desde a primeira frase do texto, leia atentamente: "A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde há muito tempo." Assim, podemos dizer que a letra D vai contra o que o texto coloca por restringir a questão racial ao presente somente.

E) CORRETA: pois no início do texto podemos identificar ser dito que a questão racial “modifica-se… mas reitera-se continuamente”, demonstrando o caráter mutante dessa questão, mantendo um enigma sempre por trás dessa ideia.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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