(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
No início do século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe – uma célebre análise do poder político, apresentada sob a forma de lições, dirigidas ao príncipe Lorenzo de Médicis. Assim justificou Maquiavel o caráter professoral do texto:
Não quero que se repute presunção o fato de um homem de baixo e ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos príncipes; pois assim como os [cartógrafos] que desenham os contornos dos países se colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das planícies ascendem aos montes, assim também, para conhecer bem a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo.
Tradução de Lívio Xavier, adaptada.
Ao justificar a autoridade com que pretende ensinar um príncipe a governar, Maquiavel compara sua missão à de um cartógrafo para demonstrar que
o poder político deve ser analisado tanto do ponto de vista de quem o exerce quanto do de quem a ele está submetido.
é necessário e vantajoso que tanto o príncipe como o súdito exerçam alternadamente a autoridade do governante.
um pensador, ao contrário do que ocorre com um cartógrafo, não precisa mudar de perspectiva para situar posições complementares.
as formas do poder político variam, conforme sejam exercidas por representantes do povo ou por membros da aristocracia.
tanto o governante como o governado, para bem compreenderem o exercício do poder, devem restringir-se a seus respectivos papéis.
Gabarito:
o poder político deve ser analisado tanto do ponto de vista de quem o exerce quanto do de quem a ele está submetido.
a) Correta. o poder político deve ser analisado tanto do ponto de vista de quem o exerce quanto do de quem a ele está submetido.
Essa noção já está contida no próprio texto, bastanto a interpretação. Está sintetizada na frase "para conhecer bem a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo", isto é, o poder político é analisado por uma perspectiva bilateral, tanto do ponto de vista do governante quanto do governado.
b) Incorreta. é necessário e vantajoso que tanto o príncipe como o súdito exerçam alternadamente a autoridade do governante.
No texto, não é abordado que o poder seja dividido, mas fala-se do conhecimento e a da análise do poder, pois Maquiavel não concebeu uma teoria política em que ele seja compartilhado com o povo.
c) Incorreta. um pensador, ao contrário do que ocorre com um cartógrafo, não precisa mudar de perspectiva para situar posições complementares.
Primeiro, no trecho "pois assim como os [cartógrafos]", desenvolve-se uma comparação do pensador com um cartógrafo, não uma relação de oposição. Segundo, as posições complementares, a do governante e a do governado, têm perspectivas distintas, exigindo uma mudança.
d) Incorreta. as formas do poder político variam, conforme sejam exercidas por representantes do povo ou por membros da aristocracia.
Maquiavel não trata dessa variação das formas do poder político, tampouco daquelas que sejam exercidas por representantes do povo, uma forma de democracia representativa, pois não era o regime político da época, embora as suas análises possam se estender para dinâmicas de poder como esta.
e) Incorreta. tanto o governante como o governado, para bem compreenderem o exercício do poder, devem restringir-se a seus respectivos papéis.
O texto não refere-se à restrição dos papéis do governante e do governado, mas da análise destes na forma em que estão.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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