Questão 50321

(FUVEST - 2005 - 1 FASE) Texto para as questões

     

     O filme Cazuza O tempo não pára me deixou numa espécie de

felicidade pensativa. Tento explicar por quê.

     Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doença e a morte

parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada de viver. É impossível

sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o que vale

mais, a preservação de nossas forças, que garantiria uma vida mais

longa, ou a livre procura da máxima intensidade e variedade de

experiências? Digo que a pergunta se apresenta “mais uma vez” porque a

questão é hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutória. (...)

Obedecemos a uma proliferação de regras que são ditadas pelos

progressos da prevenção. Ninguém imagina que comer banha, fumar,

tomar pinga, transar sem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com

Viagra seja uma boa idéia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico

que concordemos sem hesitação sobre o seguinte: não há ou não

deveria haver prazeres que valham um risco de vida ou, simplesmente,

que valham o risco de encurtar a vida. De que adiantaria um prazer que,

por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual estou sentado?

     Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma moral

prudente e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os

tempos suplementares. É que a morte lhes parece distante, uma coisa

com a qual a gente se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas

sua vontade de caminhar na corda bamba e sem rede não é apenas a

inconsciência de quem pode esquecer que “o tempo não pára”. É

também (e talvez sobretudo) um questionamento que nos desafia: para

disciplinar a experiência, será que temos outras razões que não sejam

só a decisão de durar um pouco mais?

 

(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo)

 

Embora predomine no texto a linguagem formal, é possível identificar nele marcas de coloquialidade, como as expressões assinaladas em:

A

mordeu a vida” e “moral prudente e um pouco avara”.

B

“sem se perguntar mais uma vez” e “não deveria haver prazeres”.

C

“parece lógico” e “que não sejam só a decisão”.

D

“e combinar, sei lá, nitratos” e “a gente se preocupa”.

E

“que valham um risco de vida” e “(e talvez sobretudo) um questionamento”.

Gabarito:

“e combinar, sei lá, nitratos” e “a gente se preocupa”.



Resolução:



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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