(FUVEST - 2010 - 2 fase - Questão 9)
No Sábado de Aleluia, os seringueiros do Alto-Purus desforram-se [com a malhação de Judas] de seus dias tristes. Não tiveram missas solenes, nem procissões luxuosas, nem lavapés tocantes, nem prédicas comovidas. Toda a Semana Santa correu-lhes na mesmice torturante daquela existência imóvel, feita de idênticos dias de penúrias, de meios jejuns permanentes, de tristezas e de pesares, que lhes parecem uma interminável Sexta-Feira da Paixão, a estirar-se, angustiosamente, indefinida, pelo ano todo afora.
Euclides da Cunha. À margem da História, 1909. Adaptado.
O texto descreve um aspecto da vida dos nordestinos na Amazônia. Em relação a esse tema, discorra sobre
a) a situação material dos nordestinos, em sua região de origem, e os fatores que estimularam sua migração para a Amazônia, na segunda metade do século XIX.
b) as condições de vida dos seringueiros relacionadas à produção da borracha na Amazônia, nessa época.
Gabarito:
Resolução:
a) A migração nordestina para a Amazônia foi estimulada, no início do século XX, pelo crescimento da exploração da borracha. O principal motivo para a migração dos nordestinos foi a situação de pobreza generalizada percebida no Sertão, assim como a concentração fundiária e a exploração da mão de obra. Nesse caso, houveram fatores repulsivos e atrativos que estimularam a migração dos nordestinos para a Região Norte do Brasil.
b) Apesar das expectativas de trabalho nos seringais, a situação dos trabalhadores era tão precária quanto em outras regiões do Brasil. Devido ao isolamento do resto do país, os casos de escravidão por dívida foram constantes ao longo do Ciclo da Borracha, pois os trabalhadores necessitavam de diversos insumos básicos para conseguir viver na floresta e a distribuição era feita exclusivamente pelos donos das terras, fazendo com que muitos trabalhadores contraíssem dívidas. Nesse sentido, o regime de trabalho nos seringais era conhecido como "aviamento" ou "barracão", onde os trabalhadores se instalavam nas terras dos proprietários do seringal e deveriam entregar a borracha coletada diretamente a eles, em troca de itens básicos.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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