(MACKENZIE - 2018)
Escrever é um ato não natural. A palavra falada é mais velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite que as crianças engatem em conversas articuladas anos antes de entrar numa escola. Mas a palavra escrita é uma invenção recente que não deixou marcas em nosso genoma e precisa ser adquirida mediante esforço ao longo da infância e depois.
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, é claro, e essa é uma das razões pelas quais as crianças precisam lutar com a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o teclado requer prática. Mas a fala e a escrita diferem também de outra maneira, o que faz da aquisição da escrita um desafio para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi dominado. Falar e escrever envolvem tipos diferentes de relacionamentos humanos, e somente o que diz respeito à fala nos chega naturalmente. A conversação falada é instintiva porque a interação social é instintiva: falamos às pessoas “com quem temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com nossos interlocutores, temos uma suposição do que já sabem e do que poderiam estar interessados em aprender, e durante a conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e atitudes. Se eles precisam de esclarecimentos, ou não conseguem aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem interromper ou replicar.
Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas reações. No momento em que escrevemos, o leitor existe somente em nossa imaginação. Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos de nos imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa nesse mundo simulado.
Adaptado de Steven Pinker, Guia de Escrita
Depreende-se corretamente do texto que:
a escrita é uma atividade tão natural quanto falar, tanto que seu aprendizado prescinde de treinamento direcionado.
escrever e falar são atividades da linguagem humana absolutamente equivalentes no seu modo de produção e resultado nas trocas interacionais.
a atividade da escrita implica aprendizagem e treinamento e pode ser melhorada e aperfeiçoada ao longo da formação educacional.
a presença física e real dos interlocutores na modalidade escrita facilita o processo de produção da escrita.
o diálogo efetivo entre escritor e leitor permite que os feebacks contantes ampliem as possibilidades de interpretação de textos escritos.
Gabarito:
a atividade da escrita implica aprendizagem e treinamento e pode ser melhorada e aperfeiçoada ao longo da formação educacional.
A) INCORRETA: no texto, não é dito que o ato de escrever é tão natural quanto o de falar, mas sim que é um "ato de faz de conto". Além disso, a própria resposta da alternativa está controversa, visto que se algo é natural não necessita de aprendizado nem de treinamento, o que a invalida.
B) INCORRETA: pois falar e escrever são atitudes humanas bem diferentes entre si, que têm impactos e objetivos diferentes, como o próprio texto diz. Não podemos dizer que elas são equivalentes, porque muitas vezes a força de uma escrita pode ser maior do que a da fala e vice-versa, da mesma forma que o impacto e o peso.
C) CORRETA: no texto, diferentemente da linguagem falada, a linguagem escrita é apresentada como uma modalidade que não é tão natural quanto a fala, mas sim que é aperfeiçoada a partir da prática, do aprendizado e do treinamento, sendo que o seu aperfeiçoamento geralmente s origina de uma formação educacional dos falantes e escritores da língua.
D) INCORRETA: pois o próprio texto diz que não há essa presença física dos interlocutores, mas sim que "Os destinatários são invisíveis e imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas reações". Ou seja, a presença física é só do escritor no ato da escrita, enquanto se há a imaginação dos possíveis leitores e destinatários.
E) INCORRETA: pois ese diálogo entre o escritor e o leitor do texto é imaginário, porque não está ocorrendo no momento da escrita e não sabemos se aquilo que o leitor responde é exatamente aquilo que o escritor espera. No parágrafo final do texto, é dito justamente que "Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos de nos imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa nesse mundo simulado."
(Mackenzie 2012) Assinale a alternativa correta.
O leão e a raposa
11Um leão envelhecido, 1não podendo mais procurar alimento por sua própria conta, julgou que devia arranjar um jeito de fazer isso. E, então, foi a uma caverna, deitou-se e se fingiu de doente. Dessa forma, quando 8recebia a visita de outros 13animais, ele 4os pegava e 5os comia. Depois que muitas 14 feras 6 já tinham morrido, uma 12raposa, ciente da armadilha, parou a 9certa distância da caverna e perguntou ao leão como ele estava. Como ele 2respondesse: “Mal!” e lhe 3perguntasse 10por que ela não entrava, disse a raposa: “Ora, eu entraria 7se não visse marcas de muitos entrando, mas de ninguém saindo”.
Esopo - escritor grego do século VI a.C.
Ver questão
(Mackenzie - 2012)
Assinale a alternativa correta
O leão e a raposa
Um 11leão envelhecido, 1não podendo mais procurar alimento por sua própria conta, julgou que devia arranjar um jeito de fazer isso. E, então, foi a uma caverna, deitou-se e se fingiu de doente. Dessa forma, quando 8recebia a visita de outros 13animais, ele 4os pegava e 5os comia. Depois que muitas 14feras 6 já tinham morrido, uma 12raposa, ciente da armadilha, parou a 9certa distância da caverna e perguntou ao leão como ele estava. Como ele 2respondesse: “Mal!” e lhe 3perguntasse 10por que ela não entrava, disse a raposa: “Ora, eu entraria 7se não visse marcas de muitos entrando, mas de ninguém saindo”.
Esopo - escritor grego do século VI a.C.
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(MACKENZIE/Adapatada)
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é INCORRETO afirmar que:
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(Mackenzie 1997)
Assinale a alternativa INCORRETA a respeito das cantigas de amor.
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