Questão 59478

(FUVEST - 2021 - 1ª fase)

Alferes, Ouro Preto em sombras
Espera pelo batizado,
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
Raios de sol brilharão nos sinos:
Dez vias dar.

Ai Marília, as liras e o amor
Não posso mais sufocar
E a minha voz irá
Pra muito alé do desterro e do sal,
Maior que a voz do rei.

Aldir Blance e João Bosco, trecho da canção "Alferes", de 1973.

 

A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbola da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blacn evocam, em  novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso

A

da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.

B

da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.

C

de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.

D

dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.

E

da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.

Gabarito:

de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.



Resolução:

Aldir Blanc é um grande letrista e agitador político-cultural, cuja obra se mostrou engajada na segunda metade do século XX brasileiro, em especial diante da opressão autoritária dos Anos de Chumbo da ditadura militar. Na letra desse poema, a impossibilidade de sufocar a “lira” (metáfora para a arte), e o engrandecimento solar da voz do alferes e do eu lírico (voz do sonho, da liberdade) - que fica “maior que a voz do rei”, maior que o poder - é o gesto crítico de Blanc, que revela a resistência ao discurso censor da ditadura. 

 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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