Questão 59482

 

(FUVEST - 2021 - 1 Fase)

 

Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo. Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema "Remissão"

A

Traduz melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à sua poesia

B

revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético.

C

propõe, como reação do poeta è vulgaridade do mundo, uma poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico.

D

reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência da perenidade da poesia, resistente àpassagem do tempo.

E

realiza a transição do lirismo social para o lirismo metafísico, caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao escapismo imaginativo.

Gabarito:

Traduz melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à sua poesia



Resolução:

 

  1. CORRETA. O soneto Remissão, cujo título pode ser entendido como sinônimo de “atrofia”, “ausência de energia”, apresenta um estágio de recolhimento (“exílio das palavras”) e desengano  (“travo de angústia nos cantares”) do eu poético drummondiano. Esse estado tem origem em tensões de ordem metalinguística, “metapoética”: o que se evapora, seca, dorme é a própria linguagem, uma espécie de torre imaterial que isola o poeta e não basta para mediar a relação com a “vida, e seus pesares”, ainda que encrustada nessa melancolia.
  2. INCORRETA. O soneto não revela um inconformismo, mas sim um estado “remissivo”, de enfraquecimento, melancolia, abatimento moral, poético, social. A forma não é inovadora, mas sim um retorno à clássica estrutura do soneto, que eleva o tom dos versos de Claro Enigma
  3. INCORRETA. A poesia, em “Remissão”, não aparece como agente de transformação do mundo, mas sim como força distante, em processo de “desligamento” da vida e da memória. A nostalgia abre mais sobre o eu que sobre o outro
  4. INCORRETA. O poema revela uma perspectiva melancólica e desenganada da poesia, e não uma idealização de seu lavor e sua função social. A poesia aparece associada a imagens fluidas e instáveis - o sono, a memória, o vapor, a secura - negando sua perenidade. 
  5. INCORRETA. Nesse poema, especificamente, ainda que haja uma dimensão metafísica, não existe um embate espiritual - esse não é um ponto tensionado nos versos de “Remissão”. Tampouco existe uma postura escapista: a menção à vida e suas tristezas, observada como algo a que a poesia se prende e desprende, reivindica uma consciência do eu lírico para seu mundo e sua (dis)função nele. 


Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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