Questão 69272

(FUVEST - 2022 - 1ª fase) 

Nun´Álvares Pereira

Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

´Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!

Fernando Pessoa. In: “A Coroa”, Parte I, Mensagem.

A primeira parte de Mensagem, organizada como um correlativo poético do Brasão das Armas de Portugal, perfila uma série de figuras míticas e históricas que teriam sido responsáveis pela formação nacional portuguesa. A seleção de Nun´Álvares Pereira para ocupar o lugar da Coroa

A

sugere, pela imagem do halo de luz, que a verdadeira nobreza é de espírito.

B

destaca, através da referência ao mito arturiano, o seu sangue bretão.

C

distingue, por meio do substantivo “´sperança”, um regente digno de seu posto.

D

enaltece, pela repetição da palavra espada, a guerra como estrada para o futuro.

E

indica, associada ao adjetivo “consumada”, uma visão desenganada da história.

Gabarito:

sugere, pela imagem do halo de luz, que a verdadeira nobreza é de espírito.



Resolução:

[A]

Considerado no contexto do livro "Mensagem", o poema em homenagem a Nun'Álvares Perreira, general, aparece entre uma série de poemas dedicados a reis, numa seção separada (que representa a Coroa). Essa aparente contradição (já que Nuno não foi rei de Portugal) mostra a intenção de Pessoa de projetar sobre ele essa "auréola" nobre — vale destacar que o homem foi, após a morte, canonizado pela Igreja. A imagem do "halo de luz", sugerida a partir da espada ungida (sagrada), mostra como o general foi capaz de conduzir o povo português por essa "estrada" num momento de crise, levando consigo a sperança luminosa. A nobreza está na virtude e n espírto, e não no poder hereditário. 

Sobre as demais afirmativas 

b) a relação com o mito de Rei Artur não possui fundo hereditário, e sim simbólico: o general português é considerado nobre, iluminado e abençoado como os membros da Távola Redonda; 

c) Nun'Álvares Pereira não era regente, e sim general. Ademais, a palavra "sperança" não constitui uma imagem de merecimento de determinada posição, e sim de uma virtude associada à figura histórica; 

d) A "espada" não emerge, no poema, como símbolo de beligerância e violência, e sim como imagem de nobreza, benção e fé. A "luz" é o caminho de esperança, e não a guerra; 

e) A palavra "consumada" não indica um posicionamento crítico e desenganado diante de Nun'Álvares Pereira. Diferente dos reis, a dignidade e a virtude são atreladas à imagem de Nuno Álvares. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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