(FUVEST- 2022 - 1ª fase)
No texto do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty é estabelecida uma conexão entre as relações sociais e a racionalidade dos indivíduos:
A sociedade humana não é uma comunidade de espíritos racionais, só se pode compreendê-la assim nos países favorecidos, em que o equilíbrio vital e econômico foi obtido localmente e por certo tempo.
Maurice Merleau-Ponty, Fenomenologia da percepção, p.89.
Qual sentença, se tomada como verdadeira, reforça a posição exprimida pelo filósofo no trecho?
A racionalidade é uma potência espiritual que se impõe sobre as circunstâncias históricas.
O equilíbrio vital e econômico é uma força irracional que se contrapõe aos espíritos racionais.
Nos países favorecidos, as pessoas são naturalmente mais racionais.
A racionalidade das relações sociais depende da estabilidade de circunstâncias históricas.
Os espíritos racionais são responsáveis pelo equilíbrio vital e econômico dos países favorecidos.
Gabarito:
A racionalidade das relações sociais depende da estabilidade de circunstâncias históricas.
d) Correta. A racionalidade das relações sociais depende da estabilidade de circunstâncias históricas.
O texto apresenta que a racionalidade, nas sociedades humanas, é construída a partir do contexto histórico e econômico dessas sociedades, não havendo uma ideia de sociedade racional absoluta, que transcenda a essas circunstâncias e contingências históricas e sociais. Como é confirmado no texto, a "sociedade humana não é uma comunidade de espíritos racionais, só se pode compreendê-la assim nos países favorecidos, em que o equilíbrio vital e econômico foi obtido localmente e por certo tempo".
a) Incorreta. A racionalidade é uma potência espiritual que se impõe sobre as circunstâncias históricas.
Essa é uma noção relacionada a uma concepção de razão suprahistórica, em um plano transcendente, que pode trabalhar a partir de conceitos absolutos e universais sem as contigencialidades históricas e sociais. Tal ideia é oposta à que o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty apresenta acima, ao afirmar que a razão depende das circunstâncias sociais e econômicas e não é uma instância absoluta ou espiritual. Além disso, o termo do espírito racional não possui relação com esse desenvolvimento espiritual, mas da mente humana.
b) Incorreta. O equilíbrio vital e econômico é uma força irracional que se contrapõe aos espíritos racionais.
No texto, não é apresentada a ideia de que equilíbrio vital e econômico é uma força irracional que se contrapõe aos espíritos racionais, antes, que a construção da ideia de racionalidade é dependente das circunstâncias de vida e economia de uma sociedade. Isto é, não é feita uma dissociação entre esses dois fenômenos.
c) Incorreta. Nos países favorecidos, as pessoas são naturalmente mais racionais.
Por uma interpretação equivocada, poderia-se entender assim, mas o que o texto enfatiza é que a concepção da sociedade como um ajuntamento de pessoas racionais é dependente das circunstâncias econômicas e não tem um estatuto absoluto.
e) Incorreta. Os espíritos racionais são responsáveis pelo equilíbrio vital e econômico dos países favorecidos.
O texto não permite essa conclusão, pois, antes, a racionalidade é dependente das circunstâncias econômicas e vitais de uma nação.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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