Questão 70264

(FUVEST - 2022 - 2ª fase)

“A busca da felicidade” é ainda mais familiar aos americanos do que “devemos cultivar nosso jardim” o é para os franceses. É a frase mais memorável da Declaração de Independência americana, o clímax retórico da enunciação de Thomas Jefferson dos direitos naturais e da teoria revolucionária: “Consideramos como verdades evidentes que todos os homens são criados iguais, que a todos o Criador dotou de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. O que Jefferson entendia por “busca da felicidade”? (...). Frequentemente, os analistas do discurso político estabelecem um significado mostrando o que não é dito, tanto quanto o que é dito. “Vida, liberdade e propriedade” foi a fórmula-padrão nos debates políticos do mundo de língua inglesa durante os séculos XVII e XVIII. (...) Se a “busca da felicidade” deve ser vista como um recurso de retórica, seu significado deve fundar-se, pelo menos em parte, numa comparação implícita com o direito de propriedade.

DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 112-113.

 

a) Indique um dos direitos naturais do Homem evocados por Thomas Jefferson na Declaração de Independência americana.

b) Qual é a relação estabelecida pelo texto entre “busca da felicidade” e “direito de propriedade”?

c) É possível afirmar que a Declaração de Independência dos Estados Unidos contém uma teoria revolucionária? Justifique.

Gabarito:

Resolução:

a) Observa-se que Thomas Jefferson mensura na Declaração de Independência dos Estados Unidos o que considera direitos inalienáveis de todas as pessoas, em que dentre eles pode-se citar o direito à vida e à liberdade. 

b) Nota-se a relação trilhada no texto de apoio entre “busca da felicidade” e “direito de propriedade” na medida em que se tem em vista que Thomas Jefferson ecoa a filosofia de Locke. Dentre os ideais iluministas que ecoaram na América e principalmente nos Estados Unidos, foram as ideias de John Locke que mais se destacaram na sociedade. Este, atuou na Revolução Gloriosa inglesa, considerada um dos pontos de partida para a difusão do liberalismo filosófico que originou as ideias da existência de leis naturais e do contrato entre soberanos e governados, da autonomia entre os poderes do Estado, do direito à revolta e alguns outros direitos que são essenciais para a garantia de liberdade. Além disso, Locke também defendia os direitos principais do povo que são, a liberdade, vida e propriedade privada, este último ao qual se baseia o ideal dos direitos naturais inalienáveis, especialmente à "busca da felicidade" difundida por Thomas Jefferson. Portanto, o texto interliga os ideais do filósofo inglês com os que foram difundidos sob outra carapuça por Thomas Jefferson na independência dos Estados Unidos. 

c) Constata-se que a Declaração de Independência dos Estados Unidos contém sim uma teoria de teor revolucionário, na medida em que esta propõe uma ruptura brusca nos moldes da sociedade, rompendo com o status colonial e implementando um governo de caráter liberal e democrático. Esse ideal inspirou a Revolução Americana declarada pelos colonos em 1776 e marcou o fim da colonização inglesa sobre as treze colônias americanas, e ainda fomentou um modelo de nação que serviu de exemplo para outros movimentos de emancipação que surgiram no continente americano durante os séculos XVIII e XIX.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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