(FUVEST- 2023 - 1ª fase)
“O ‘País’ abriu quarta-feira em suas colunas o mais interessante dos plebiscitos para solução de um importante problema social: Como deve ser educada a mulher... Trata-se de saber se devemos ser educadas para, pelo casamento, sermos sustentadas pelo homem, ou para nos tornarmos hábeis e prover à nossa própria subsistência pelo nosso único trabalho. Se admitis a primeira hipótese, em que consiste a educação feminina para o casamento? Se preferis a segunda, quais são os gêneros de trabalho em que a mulher pode, sem decair, ganhar a vida em nossa terra? (...) Esta forma de educação requer toda uma ordem de conhecimento que não sejam apenas frívolos. (...) Os nossos costumes, por isso mesmo, são ingênuos e se apoiam em preconceitos e tradições, não admitem ainda a mulher que trabalha. (...) Assim mesmo as professoras já lograram subir um pouco na cotação social. As médicas vão impondo-se pouco a pouco...”.
Carmem Dolores. “A Semana”. Rio de Janeiro, 08/04/1906. In: VASCONCELLOS, Eliane (org.). Carmem Dolores. Crônicas, 1905-1910. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
De acordo com o excerto, assinale a alternativa mais adequada para expressar o processo de inserção das mulheres no mundo do trabalho no início do século XX.
O patriarcalismo e o emprego do dote foram erradicados pelos protocolos jurídicos adotados no regime republicano, favorecendo o reconhecimento social do trabalho feminino.
A educação feminina dissociava-se das convenções vigentes na sociedade e dos padrões morais preconizados pelo catolicismo.
O reconhecimento social do trabalho feminino estava limitado à esfera pública, pois o espaço doméstico ainda permanecia marcado pela autoridade masculina.
O processo de feminização do magistério na escola básica proporcionou o reconhecimento do trabalho das mulheres e a conquista de novos papéis sociais.
A ruptura do preconceito para com o trabalho feminino nas fábricas, comércio, serviço público e profissões liberais se deu efetivamente após a conquista dos direitos políticos pelas mulheres, em 1934.
Gabarito:
O processo de feminização do magistério na escola básica proporcionou o reconhecimento do trabalho das mulheres e a conquista de novos papéis sociais.
a) O patriarcalismo e o emprego do dote foram erradicados pelos protocolos jurídicos adotados no regime republicano, favorecendo o reconhecimento social do trabalho feminino.
Incorreto. O patriarcalismo persistiu na sociedade, tanto nas relações familiares quanto nas estruturas sociais mais amplas. A ideia de que os homens são superiores e devem ter controle sobre as mulheres ainda estava enraizada em muitas normas e práticas culturais, como o reconhecimento social do trabalho feminino.
b) A educação feminina dissociava-se das convenções vigentes na sociedade e dos padrões morais preconizados pelo catolicismo.
Incorreto. A educação feminina estava diretamente ligada e apoiada nos preconceitos das convenções vigentes na sociedade e dos padrões morais tradicionais cristãos.
c) O reconhecimento social do trabalho feminino estava limitado à esfera pública, pois o espaço doméstico ainda permanecia marcado pela autoridade masculina.
Incorreto. O reconhecimento social do trabalho feminino não acontecia nem na esfera pública nem na doméstica.
d) O processo de feminização do magistério na escola básica proporcionou o reconhecimento do trabalho das mulheres e a conquista de novos papéis sociais.
Correto. Com esse processo de feminização do magistério na escola básica, as mulheres conseguiram subir um pouco na cotação social, serem mais reconhecidas e conquistarem novos espaços na sociedade.
e) A ruptura do preconceito para com o trabalho feminino nas fábricas, comércio, serviço público e profissões liberais se deu efetivamente após a conquista dos direitos políticos pelas mulheres, em 1934.
Incorreto. O preconceito para com o trabalho feminino nos mais diversos ambientes de trabalho permanece, infelizmente, até os dias atuais. Isso se acentua ainda mais em ambientes de trabalho que ainda são considerados como majoritariamente masculinos.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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