Questão 78783

(FUVEST - 2023)

Leia o poema e responda à questão:

 

  Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
  Da vossa alta clemência me despido;
  Porque, quanto mais tenho delinquido,
  Vos tenho a perdoar mais empenhado.
   
  Se basta a vos irar tanto pecado,
  A abrandar-vos sobeja um só gemido:
  Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
  Vos tem para o perdão lisonjeado.
   
  Se uma ovelha perdida e já cobrada,
  Glória tal e prazer tão repentino
  Vos deu, como afirmais na sacra história,
   
  Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
  Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
  Perder na vossa ovelha a vossa glória.
   
  Gregório de Matos

 

Neste conhecido soneto de Gregório de Matos, o eu lírico, visando ao convencimento de seu interlocutor, se vale de um rebaixamento retórico com relação a Deus.

a) Para qual atributo divino o eu lírico apela nos quartetos? Justifique, com base no texto, a sua resposta.

b) Ao se dirigir a Deus, o argumento do qual o eu lírico lança mão se apresenta em forma de silogismo, ou seja, um raciocínio estruturado a partir de duas premissas, com base nas quais se deduz uma conclusão. Na folha de respostas, descreva, com as suas palavras, as premissas e a conclusão presentes nos tercetos do poema.

Gabarito:

Resolução:

A) O eu lírico apela para a bondade divina. Ele confessa ter pecado, o que não significa que tenha abandonado a crença na indulgência divina, na sua alta capacidade de “clemência”. Pelo contrário, quanto mais comete faltas, mais se esforça para ser perdoado. Se são necessários muitos pecados para provocar a cólera de Deus, bastará, segundo o sagaz eu lírico, um só “gemido”, um único pedido, para acalmá-lo.

 

B) Há uma espécie de falso rebaixamento, ou de rebaixamento retórico, do eu lírico com relação a Deus. Em sua argumentação, o eu lírico se dispõe a aconselhá-Lo: caberá a Deus recuperar as ovelhas desgarradas para não perder a sua “glória”. Ou seja, a alta reputação de bom “pastor” depende da capacidade de perdoar. As faltas do pecador engrandecem o Senhor. Desse modo, o eu lírico obteria vantagem para si, convertendo-a, no plano discursivo, em benefício para Deus. Isto posto, a resposta deve ser apresentada do seguinte modo:

Primeira Premissa:

Se recuperar uma ovelha desgarrada deu glória ao Senhor

Segunda Premissa:

E se eu sou uma ovelha desgarrada

Conclusão:

Logo, salvai-me para que não percais a vossa glória.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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