Questão 78784

(FUVEST - 2023)

Leia os versos e responda à questão:

 

  Ambição gera injustiça.
  Injustiça, covardia.
  Dos heróis martirizados
  nunca se esquece a agonia.
  Por horror ao sofrimento,
  ao valor se renuncia.
   
  E, à sombra de exemplos graves,
  nascem gerações opressas.
  Quem se mata em sonho, esforço,
  mistérios, vigílias, pressas?
  Quem confia nos amigos?
  Quem acredita em promessas?
   
  Que tempos medonhos chegam,
  depois de tão dura prova?
  Quem vai saber, no futuro,
  o que se aprova ou reprova?
  De que alma é que vai ser feita
  essa humanidade nova?
  Cecília Meireles – trecho final do “Romance LIX ou Da Reflexão dos Justos”, de Romanceiro da Inconfidência.

 

a) Como se articula a sequência ambição, injustiça e covardia – formada no poema – com o episódio fatal de Tiradentes?

b) A voz lírica interroga quais serão as consequências dos acontecimentos bárbaros da história sobre as novas gerações. Por que essa é uma reflexão dos justos?

Gabarito:

Resolução:

A) Os três termos, tal como surgem dispostos no poema, encadeiam os três passos que marcaram a morte por execução de Tiradentes, correspondendo ao motivo, à ação e à consequência do episódio. Primeiro, a causa real que moveu tanto a trama dos inconfidentes quanto a oposição violenta da Metrópole (a ambição ligada ao ouro); depois, o falso julgamento, cuja sentença tratou de eleger um mártir e castigá-lo exemplarmente à vista de todos a fim de espalhar o terror (a injustiça oficial); e por fim, o efeito mesmo dessa pena cruel: a paralisia das testemunhas tocadas pelo medo de sofrer igual castigo (a covardia cúmplice).

 

B) Perplexa diante do horror revivido pela memória, a voz lírica especula, para além da catástrofe em cena, quais e quão duradouras serão as consequências das ações perversas que se cometeram no período da Inconfidência Mineira. Sob o pavor, as diversas gerações seguintes aquele momento ainda restarão acovardadas, inertes em face das injustiças e dos desmandos, pois já ninguém se rebela ou enxerga no outro a seu lado um companheiro de luta. Com isso, fecha-se a História em um círculo danoso, repetidor de atentados que assim garantem a conservação das tiranias e das diferenças entre os homens. Essa reflexão, a um só tempo sombria e reativa, caracteriza o timbre de todo o livro, capaz de avaliar a violência do acontecimento passado e sugerir a revolta no presente — logo, trata-se de uma voz que se põe no lugar dos justos.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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