Questão 82445

(FUVEST - 2024)

TEXTO PARA AS QUESTÕES 01 E 02

 

  Tempo de nos aquilombar
   
  É tempo de caminhar em fingido silêncio,
  e buscar o momento certo no grito,
  aparentar fechar um olho evitando o cisco
  e abrir escancaradamente o outro.
   
  É tempo de fazer os ouvidos moucos
  para os vazios lero-leros,
  e cuidar dos passos assuntando as vias,
  ir se vigiando atento, que o buraco é fundo.
   
  É tempo de ninguém se soltar de ninguém,
  mas olhar fundo na palma aberta
  a alma de quem lhe oferece o gesto.
  O laçar de mãos não pode ser algemas,
  e sim acertada tática, necessário esquema.
   
  É tempo de formar novos quilombos,
  em qualquer lugar que estejamos
  e que venham dias futuros, salve 2020
  A mística quilombola persiste afirmando:
  “a liberdade é uma luta constante”.
  Conceição Evaristo. Jornal O Globo, 31/12/2019.

 

O verso “É tempo de formar novos quilombos” é um exemplo de

A

paradoxo, na medida em que propõe retomar o passado num contexto atual.

B

metonímia, já que os quilombos fazem parte de um novo contexto cultural, sem relação com o passado.

C

metáfora, representando uma união coletiva como forma de resistência social.

D

antítese, ao relacionar a noção de tempo passado a uma nova configuração de futuro.

E

hipérbole, apresentando o termo “quilombos” no plural para indicar o grau de difusão do movimento.

Gabarito:

metáfora, representando uma união coletiva como forma de resistência social.



Resolução:



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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