(FUVEST - 2024)
Leia o texto para responder à questão.
“A Dinamarca vai devolver ao Brasil um manto tupinambá que está em Copenhague desde pelo menos 1699. A peça, considerada extremamente rara, será doada para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, pelo Museu Nacional da Dinamarca. O manto é feito de penas vermelhas de guará. Artista, Glicéria Tupinambá está completando sua formação em antropologia no Museu Nacional e vem realizando um trabalho de encontro e pesquisa dos mantos e outros artefatos de seus ancestrais junto às instituições europeias. Em 2006, Glicéria estava trabalhando na composição de um novo manto tupinambá como forma de agradecimento a entidades sagradas, os Encantados, pelo processo de retomada do território indígena. Por meio de fotos, ela vinha tentando entender a técnica para fazer a trama dos mantos da mesma forma que era feita por seus antepassados. ‘Eu fui entendendo a questão do ponto, que é o ponto do jereré, que as mulheres tupinambá utilizam para fazer instrumentos de pesca. Só duas mulheres sabiam fazer esse ponto na aldeia, minha madrinha de 97 anos e minha prima de 78 anos. Mulheres detentoras de um saber que está quase extinto’, conta ela. O primeiro manto que Glicéria teve oportunidade de conhecer pessoalmente está — ainda — na França. ‘Eu quero ver o avesso’, disse ela à equipe do museu parisiense, em 2018. ‘O pessoal fica muito ligado na cor da pena, mas eu queria entender a malha, a técnica, ver o avesso’. Mas não só isso. Glicéria também queria escutar o manto. ‘O manto fala comigo. A gente tem uma relação ancestral’, explica ela. ‘Sei que para quem passou a vida inteira ouvindo que objetos não falam, eu pareço uma pessoa louca. Mas eu venho de um contexto de aldeia, e a gente entende que os objetos não são simplesmente objetos, ainda mais quando se tratam de vestimentas usadas no ambiente religioso’. Glicéria conta que, na ocasião, o manto mostrou a ela três imagens: ‘Uma quando ele estava dentro do território, eu via mulheres, crianças, as penas, a feitura. Outra imagem que ele me apresenta era ele dentro de uma embarcação, as pessoas na margem. Eu podia sentir a areia nos meus pés e ver a embarcação sumindo no fio do horizonte. E, depois, eu vejo esse manto saindo da embarcação e desaparecendo por uma viela escura’.”
Isabel Seta. Raríssimo manto tupinambá que está na Dinamarca será devolvido ao Brasil; peça vai ficar no Museu Nacional. 28/06/2023. Disponível em: https://g1.globo.com/.
a) Justifique o uso de "ainda" no trecho "O primeiro manto que Glicéria teve oportunidade de conhecer pessoalmente está — ainda — na França.". Reescreva a frase, substituindo apenas a palavra "ainda", sem prejuízo do sentido.
b) Explique o sentido do trecho "os objetos não são simplesmente objetos" no texto.
Gabarito:
Resolução:
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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