(FUVEST - 2024)
“As sociólogas, filósofas e ativistas feministas destacaram, com o conceito de ‘reprodução social’, algo que a teoria econômica ocultava: para que haja produção de bens e de serviços é necessário que as pessoas que os produzem sejam, por sua vez, produzidas. O trabalho da reprodução social, portanto, cria e repõe a condição primordial e necessária – a existência de pessoas que trabalham – para que a produção econômica possa continuar ocorrendo. Em grande medida, esse trabalho é relegado ao ambiente familiar e às mulheres: cuidado com os filhos, cuidado com doentes e idosos, preparação de alimentos, limpeza e arrumação da casa e outros. O trabalho de reprodução se opõe, socialmente, ao trabalho de produção; este está inserido numa economia organizada com base em empresas – nas fábricas, na agricultura, nos escritórios –, voltado para o mercado e é percebido como merecedor de contrapartida financeira: o salário. Assim, mesmo quando um trabalho da esfera da reprodução se realiza por meio de uma relação de emprego, se for realizado por mulheres, ele costuma ser mal pago e desfrutar de menor prestígio.”
ARRUZZA, Cinzia; BATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.
“A chamada ‘economia do cuidado’ é o conjunto de atividades não remuneradas, geralmente exercidas por mulheres, como a limpeza da casa, preparação de alimentos e os cuidados com crianças, idosos e doentes da família. Um pacote que vale 11% do PIB atual (...). Em valores, foram cerca de 634,3 bilhões de reais em 2015 [por exemplo]. (...) Contabilizar o valor dos afazeres domésticos no PIB do Brasil só se tornou possível a partir de 2001, quando o IBGE introduziu na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) a pergunta referente ao número de horas despendido pela população para executar essas atividades.”
Disponível em https://www.cartacapital.com.br/.
Nos textos apresentados, encontram-se dois conceitos, o de “reprodução social” e o de “economia do cuidado”. De acordo com as definições desses conceitos e com os dados indicados, qual das afirmações a seguir está correta?
Os conceitos de reprodução social e de economia do cuidado são contraditórios porque o primeiro se refere a todo trabalho doméstico e o segundo apenas ao trabalho doméstico pago e que é possível contabilizar.
Ambos os conceitos se referem a um tipo de trabalho cuja importância é socialmente reconhecida, fato que pode ser comprovado pela porcentagem expressiva que ele representava do PIB brasileiro no ano de 2015.
As definições de reprodução social e de economia do cuidado excluem, necessariamente, a possibilidade de que o Estado seja responsável por parte das tarefas envolvidas na reprodução das pessoas.
A contabilização no PIB dos valores dos afazeres domésticos no contexto da economia do cuidado abarca apenas uma parte da reprodução social, pois não inclui o trabalho doméstico remunerado e os trabalhos de reprodução executados fora do ambiente doméstico.
Os dados estimados sobre a participação das atividades domésticas não remuneradas no PIB do Brasil mostram que a reprodução social acontece apenas quando não há uma relação salarial entre quem executa e quem se beneficia desse tipo de trabalho.
Gabarito:
A contabilização no PIB dos valores dos afazeres domésticos no contexto da economia do cuidado abarca apenas uma parte da reprodução social, pois não inclui o trabalho doméstico remunerado e os trabalhos de reprodução executados fora do ambiente doméstico.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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