Questão 2338

(Fuvest 2000)

Ossian o bardo é triste como a sombra
Que seus cantos povoa. O Lamartine
É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas...
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda;
Fibra de amor e Deus que um sopro agita:
Se desmaia de amor a Deus se volta,
Se pranteia por Deus de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora,
Fantástico alemão, poeta ardente
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances
Meu coração deleita-se... Contudo,
Parece-me que vou perdendo o gosto,
(...)

(Álvares de Azevedo, "Lira dos vinte anos")

Considerando-se este excerto no contexto do poema a que pertence ("Ideias íntimas"), é correto afirmar que, nele,

A

o eu-lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores que evoca.

B

a dispersão do eu-lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos versos.

C

o eu-lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a natureza.

D

a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda geração romântica brasileira.

E

Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados pela segunda geração romântica.

Gabarito:

o eu-lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores que evoca.



Resolução:

a) o eu-lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores que evoca.

Sim, através de um recurso de ironia e auto ironia, o autor revela seu sarcasmo destinado aos poetas ultrarromânticos, assim como ele. 

b) a dispersão do eu-lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos versos.

A métrica é regular, os versos são compostos de 11 sílabas poéticas.

c) o eu-lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a natureza.

Ele aprecia e rejeita os poetas, além de compará-los a elementos da natureza. 

d) a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda geração romântica brasileira.

O sentimento de nacionalismo é típico da primeira geração do romantismo e não da segunda, fase na qual Álvares de Azevedo está inserido 

e) Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados pela segunda geração romântica.

Não há uma crítica a Lamartine. 

Dessa maneira, a alternativa correta é a letra [A]. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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