(FUVEST - 2006 - 1 FASE )
Costuma-se reconhecer que tanto O primo Basílio quanto as Memórias póstumas de Brás Cubas possuem notável conteúdo de crítica social. Apesar das muitas diferenças que separam os dois romances, em ambos essa crítica
fundamenta-se em minuciosa análise das relações sociais e tem como finalidade propor soluções construtivas para os problemas detectados.
dá a ver um conjunto de personagens que, com raras exceções, têm como traços mais marcantes a inconsistência, a pretensão, a veleidade e outras características semelhantes, figurando assim uma sociedade globalmente medíocre.
assume a forma do romance de tese, próprio da estética realista, no qual se procura validar um conjunto de hipóteses científicas, verificando-se sua pertinência na vida social das personagens.
visa a demonstrar o prejuízo que o excesso de leituras romanescas pode trazer à formação moral dos indivíduos, em particular quando interfere na educação das mulheres, matrizes da família.
incide principalmente sobre as mazelas sociais derivadas da persistência da escravidão em um contexto já moderno, no qual ela não mais se justifica.
Gabarito:
dá a ver um conjunto de personagens que, com raras exceções, têm como traços mais marcantes a inconsistência, a pretensão, a veleidade e outras características semelhantes, figurando assim uma sociedade globalmente medíocre.
[B]
a) INCORRETA. O tom dos romances em questão não é moralizante, e por isso é incorreto dizer que buscam oferecer uma "moral da história", ou encaminhamentos que revelem possíveis soluções às questões sociais cotejadas, como a traição, a loucura, as aparências, a morte, a família, etc. As obras são abertas no sentido de permitir a critica sem cerrar as possibilidades e os caminhos da sociedade em pauta;
b) CORRETA. Como bons personagens realistas, as figuras de "Memórias Póstumas" e "O primo Basílio" são esféricas, ou seja, complexas, imperfeitas, circulares - cujas histórias são marcadas por supostos "desvios" de ordem moral. A traição consumada nos dois romances, bem como a atuação mentirosa de criados, a presença da chantagem, o interesse econômico e a corrupção, etc são marcas de um retrato crítico das burguesias brasileira e portuguesa - reveladas em sua intimidade medíocre e leviana, ainda que complexa;
c) INCORRETA. A estética e proposta do "romance-tese" pertence à esteira literária mais propriamente naturalista, e não realista. Nas obras de Eça e Machado, ainda que a argumentação e a crítica sejam constantes, não há o interesse de uma defesa científica e exata de hipóteses sobre os constituintes humanos das narrativas, mas sim um viés mais filosófico e psicológico, no sentido de avaliar com subjetividade e maior polifonia as questões caras à moral oitocentista;
d) INCORRETA. A questão da leitura de romances (recortada pela questão feminina), está presente em "O primo Basílio", mas não em forma de censura. No romance machadiano não é mencionada a questão da leitura romanesca e da leitura feminina, uma vez que Virgília, personagem central, não é tida como grande leitora;
e) INCORRETA. O romance de Eça de Queirós não apresenta a escravidão como pano de fundo ou ponto central de crítica, uma vez que em Portugal suas mazelas não eram sentidas de forma tão patente. Em Machado, a questão do negro e dos desafios oriundos da escravidão aparecem nas "Memórias Póstumas" (a questão de Prudêncio, por exemplo), mas não como ponto central de crítica.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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