Questão 13710

(FUVEST - 2010 - 1 FASE )

A personagem Mafalda, que está em Buenos Aires, olha o globo em que o Norte está para cima e afirma: “a gente está de cabeça pra baixo”. Quem olha para o céu noturno dessa posição geográfica não vê a estrela Polar, referência do polo astronômico Norte, e sim o Cruzeiro do Sul, referência do polo astronômico Sul. Se os polos do globo de Mafalda estivessem posicionados de acordo com os polos astronômicos, ou seja, o polo geográfico Sul apontando para o polo astronômico Sul, seria correto afirmar que

A

o Norte do globo estaria para cima, o Sul para baixo e Mafalda estaria realmente de cabeça para baixo.

B

o Norte do globo estaria para cima e o Sul para baixo, mas Mafalda não estaria de cabeça para baixo por causa da gravidade.

C

o Norte do globo estaria para cima, o Sul para baixo, e quem estaria de cabeça para baixo seriam os habitantes do hemisfério norte.

D

o Sul do globo estaria para cima e o Norte para baixo, mas Mafalda estaria de cabeça para baixo por causa da gravidade.

E

o Sul do globo estaria para cima, o Norte para baixo e Mafalda não teria razão em afirmar que está de cabeça para baixo.

Gabarito:

o Sul do globo estaria para cima, o Norte para baixo e Mafalda não teria razão em afirmar que está de cabeça para baixo.



Resolução:

Passo 1: Orientação

À medida que à Terra gira em seu eixo, da nossa perspectiva vê o céu girar em torno de nós (Fig. 1a). A esfera celeste gira como um todo e, seu movimento sendo reflexo da rotação da Terra, alguns pontos e planos especiais podem ser definidos. O equador da Terra, projetado na esfera, define o equador celeste. E da mesma forma que o eixo de rotação da Terra ao encontrar a superfície do planeta define os polos norte e sul geográficos, o prolongamento deste eixo na esfera celeste define os polos norte e sul celestes. Assim como a rotação da Terra define pontos e planos fundamentais, a translação da Terra também o faz. À medida que à Terra gira em torno do Sol, do nosso ponto de vista vemos o Sol se mover contra o fundo estrelado, mudando sua posição dia após dia. Ao fim de um ano, o Sol terá traçado a eclíptica, a projeção da órbita de nosso planeta na esfera celeste.

A inclinação do eixo de rotação da Terra com relação ao plano da sua órbita é cerca de 23 graus, o que quer dizer que a eclíptica e o equador celeste estão deslocados por este mesmo ângulo. Os paralelos que tangenciam a eclíptica definem os trópicos. As definições de planos, pontos especiais e sistemas de coordenadas historicamente definidos na esfera celeste é uma ciência em si, e enchem livros inteiros. Uma representação simplificada da esfera celeste é a esfera armilar (Fig. 1b), um conjunto de anéis representando alguns dos círculos fundamentais da esfera celeste. Seu nome vem do latim, armilla (bracelete).

Figura 1a. A esfera celeste. A distância às estrelas é tão grande que perdemos a noção de profundidade. É como se todas elas estivessem cravadas em uma esfera. O movimento de rotação da Terra dá a impressão que esta esfera gira em torno de nós. Projeções do equador e polos terrestres no céu definem o equador e polos celestes.

Figura 1b. Simplificação da esfera celeste: a esfera armilar. Nela estão representados o equador celeste, os trópicos, e a eclíptica. O modelo acima também contém os círculos ártico e antártico. A eclíptica é a projeção da órbita da Terra na esfera celeste. Do nosso ponto de vista, representa o percurso do Sol ao decorrer do ano.

Figura 1c. Por muito tempo se pensou que o norte geográfico e o norte magnético eram um só. Em 1831, o explorador inglês James Ross verificou que não eram iguais ao chegar ao Ártico e ver que a bússola apontava para o chão, o norte magnético (as linhas de força eram verticais e a única posição em que a agulha aquietava era na vertical).

O norte geográfico resulta do movimento de rotação da Terra, enquanto o norte magnético é o resultado do campo magnético gerado pelo movimento do metal fundido do núcleo externo em torno do núcleo metálico sólido da Terra. Os dois nortes, portanto, expressam fenômenos geofísicos diferentes. Usando esse princípio os chineses inventaram a bússola e os europeus se lançaram às grandes navegações.

Uma agulha imantada aponta sempre para o polo norte magnético e, de modo aproximado, para o norte geográfico. O ângulo entre o norte magnético e o geográfico reflete a declinação magnética do lugar e varia geralmente de 20 a 30 graus. Como o campo magnético varia com o tempo, atualmente em São Paulo a diferença entre os dois nortes é de 23 graus.

Uma confusão frequente é quanto à nomenclatura dos polos. Pela convenção física, o polo magnético norte estaria situado no sul da Terra e vice-versa. Para evitar essa confusão, convencionou-se chamar de polo norte magnético o polo que está próximo ao polo norte geográfico, o mesmo ocorrendo com o polo sul.

 

 

Passo 2. 

Ajustar o polo Sul geográfico do globo como o Cruzeiro do Sul (Pólo Astronômico) a partir do referencial da Mafalda, significa inverter o globo deixando o Hemisfério Sul para cima e o Norte para baixo.

Dessa forma, a personagem não estaria de cabeça para baixo, pois ela estaria observando Buenos Aires orientada para cima (ela poderia se colocar sobre o globo e permaneceria de cabeça para cima). 

Primeira coisa que temos que observar na imagem é que a Mafalda está errada, isto mesmo, errada. A Mafalda, está em Buenos Aires, e olha o globo em que o Norte está para cima e afirma "a gente está de cabeça pra baixo”. 

Só que sabemos que se os polos do globo de Mafalda estivessem posicionados de acordo com os polos astronômicos, ou seja, o polo geográfico Sul apontando para o polo astronômico Sul, seria correto afirmar que o Sul do globo estaria para cima, o Norte para baixo e Mafalda não teria razão em afirmar que está de cabeça para baixo. Ela faz uma confusão e confundi a gente. É uma pegadinha!

Um a forma mais simples ainda, é se você lembrar que Sabendo que Cruzeiro do Sul localiza-se próximo do Polo Sul e sua visualização só é possível no hemisfério sul ou regiões do hemisfério norte, próximas à linha do Equador. Ao definir essa estrela como referencial, fica fácil de perceber que o globo estaria invertido.
Só que, independente de onde a Mafalda esteja, não tem como ela saber se está de cabeça para baixou ou para cima porque não existe um referencial para saber qual é o “lado de cima” ou o “lado de baixo” do universo.

Acontece que independentemente do lugar que você estiver, a força gravitacional e a dimensão do planeta Terra desfazem qualquer possibilidade de definirmos uma orientação “correta”, o que acontece com nossos mapas geralmente é que para que todo mundo se entende definimos um padrão. Nesse padrão cartográfico o norte aponta para a parte superior do papel ou da tela em que estamos visualizando essa projeção cartográfica do globo terrestre.
O fato de Mafalda estar no hemisfério sul não faz com que ela esteja de cabeça para baixo de maneira nenhuma, e isso que é engraçado na tirinha.

“O Sul do globo estaria para cima, o Norte para baixo e Mafalda não teria razão em afirmar que está de cabeça para baixo.” (alternativa E)

 

 



Questão 1779

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Questão 1780

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Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

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Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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