(FUVEST 2011 - 2 fase) Desde a Antiguidade até a época helênica, e durante a Idade Média (em algumas culturas, até hoje) se conferiu aos terremotos, como a todos os fenômenos cuja causa se desconhecia, uma explicação mística. Os filósofos da antiga Grécia foram os primeiros a aventar causas naturais dos terremotos; no entanto, durante o período medieval, explicações desse tipo foram formalmente proibidas por serem consideradas heréticas, e a única causa aceita na Europa era a da cólera divina. Somente em princípios do século XVII é que se voltou a especular acerca das causas naturais de tais fenômenos.
Alejandro Nava, Terremotos. 4ª ed. México: FCE, 2003, p.24-25. Traduzido e adaptado.
O texto menciona mudanças, da Antiguidade até o início do século XVII, na explicação dos fenômenos naturais. Hoje em dia, também é preciso considerar que as consequências dos terremotos não dependem só de sua magnitude, mas também do grau de desenvolvimento social do local onde ocorrem, como foi possível notar nos terremotos de 2010 no Haiti.
a) Identifique e explique as mudanças que, no contexto intelectual do século XVII, contribuíram para que os terremotos e outros fenômenos naturais deixassem de ser vistos apenas como fenômenos místicos.
b) No caso do Haiti, a pobreza do país ampliou o efeito devastador do fenômeno natural. Explique, historicamente, essa pobreza e seu impacto no agravamento das consequências dos terremotos.
Gabarito:
Resolução:
a) O século XVII é marcado pela influência do Renascimento, guiado pelo racionalismo, que deu o pontapé inicial para uma Revolução Científica na Europa. Esse contexto se caracteriza pela contestação de antigos dogmas e crenças teocêntricas, bem como pela grande produção de teorias e de conhecimento acerca do mundo — como no caso de Isaac Newton, Galileu e Descartes. Assim, ao lado de avanços em áreas como a política, houve avanços em campos de estudos relativos a fenômenos atmosféricos, mecânicos, gravitacionais e geológicos (como os terremotos). Com isso, uma nova mentalidade (racionalista) acerca dos fenômenos naturais se consolidou, deixando de lado as perspectivas místicas predominantes na Antiguidade e no período medieval.
b) A pobreza do Haiti tem raízes históricas, relacionando-se ao mesmo tempo com o período colonial, com sua independência e com os momentos que se sucederam: foi uma colônia de exploração da França, baseada na produção açucareira e dependente da metrópole, nos séculos XVI e XVII; no fim do século XVIII e ao longo do século XIX, o Haiti se emancipa via revolução social negra e abolicionista, desestruturando a base produtiva do país, o que fez emergir um Estado sucessivamente regido por governantes tirânicos e sem perspectiva de desenvolvimento nacional; já no século XX, o país foi marcado por regimes ditatoriais, como o de Duvalier, além da típica política oligárquica e do clima de instabilidade da Guerra Fria. Tudo isso coloca o Haiti em posição delicada já antes do terremoto, com Estado e economia desestruturados, além da precariedade dos serviços públicos e das edificações — o que agrava os danos causados pelo fenômeno natural.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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