(Fuvest 2013) Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por que não extingui, naquele instante, a centelha de vida que você tão desumanamente me concedeu? Não sei! O desespero ainda não se apoderara de mim. Meus sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a noite caiu, deixei meu abrigo e vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que noite miserável passei eu! Sentia um inferno devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar e assolar tudo o que me cercava, para depois sentar-me e contemplar satisfeito a destruição. Declarei uma guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo, contra aquele que me havia criado e me lançara a esta insuportável desgraça!
(Mary Shelley. Frankenstein. 2ª ed. Porto Alegre: LPM, 1985.)
O trecho acima, extraído de uma obra literária publicada pela primeira vez em 1818, pode ser lido corretamente como uma
apologia à guerra imperialista, incorporando o desenvolvimento tecnológico do período.
crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços científicos.
defesa do clericalismo em meio à crescente laicização do mundo ocidental.
recusa do evolucionismo, bastante em voga no período.
adesão a ideias e formulações humanistas de igualdade social.
Gabarito:
crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços científicos.
a) apologia à guerra imperialista, incorporando o desenvolvimento tecnológico do período.
Incorreta. A guerras e revoltas de afronte ao imperialismo vieram a se desencadear posteriormente, no século XX.
b) crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços científicos.
Correta.
c) defesa do clericalismo em meio à crescente laicização do mundo ocidental.
Incorreta. Apesar da existência de elementos do aspecto cristão na fala do Frankenstein, ele não mensiona fatores clericais em sua fala e seu criador fora um ser humano, ele é oriundo do desenvolvimento tecnológico. Portanto sua postura acerca da laicização existente é desconhecida através do trecho.
d) recusa do evolucionismo, bastante em voga no período.
Incorreta. Tal corrente se trata da ideia de que o mais adaptado ao meio inserido sobreviverá. Frankenstein, como um ser criado pela ciência, não se aplica.
e) adesão a ideias e formulações humanistas de igualdade social.
Incorreta. O movimento Humanista não traça aspectos ou diretrizes acerca da desigualdade social, e o texto faz mensão à ira do protagonista sobre ser criado sob a égide de uma distinção tão grande quanto às outras pessoas.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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