(FUVEST 2015 - 2 fase) A uma religiosidade de superfície, menos atenta ao sentido íntimo das cerimônias do que ao colorido e à pompa exterior, quase carnal em seu apego ao concreto (...); transigente e, por isso mesmo, pronta a acordos, ninguém pediria, certamente, que se elevasse a produzir qualquer moral social poderosa. Religiosidade que se perdia e se confundia num mundo sem forma e que, por isso mesmo, não tinha forças para lhe impor sua ordem.
Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado
Tendo em vista estas reflexões de Sérgio Buarque de Holanda a respeito do sentido da religião na formação do Brasil, responda ao que se pede.
a) Essas reflexões se aplicam à sociedade representada nas Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida? Justifique resumidamente.
b) Os juízos aqui expressos por Sérgio Buarque de Holanda encontram exemplificação em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, especialmente na parte em que se narra o período de formação do menino Brás Cubas? Justifique sucintamente.
Gabarito:
Resolução:
a) A representação e figuração religiosa na obra de Manuel Antônio de Almeida corresponde ao pensamento do sociológo revelado no excerto. As cerimônias e a relação das personagens com a liturgia revela-se algo muito mais social, superficial e festivo que uma conexão efetivamente espiritual. O cenário de intrigas, jogos de aparências e fofocas no âmbito religioso marca, tradicionalmente, a sociedade brasileira retratada no enredo de "Memórias de um sargento de milícias".
b) Sim. Na infância de Brás-Cubas tem-se a oposição entre a doutrinação religiosa materna, e a disposição interna da personagem - menino travesso, crítico e cético - que revelam a contradição discutida por Holanda. A figura do tio de Brás-Cubas, um clérigo pouco espiritual mas extremamente apegado aos ritos e procedimentos litúrgicos, alegoriza, de certo modo, o pensamento sociológico revelado no texto, que revela as contradições da formação religiosa do Brasil.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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