Questão 2596

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

No texto de Drummond, o eu lírico:

A

considera sua origem itabirana como causadora de deficiências que ele almeja superar.

B

revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente.

C

ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro.

D

dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema.

E

critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira.

Gabarito:

dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema.



Resolução:

a) considera sua origem itabirana como causadora de deficiências que ele almeja superar.

A sua origem é causadora de diversos pontos em sua personalidade, contudo ele não mostra que deseja superá-los no poema. 

b) revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente.

Não, ele considera essa questão algo que lhe atribui capacidade comunicativa.

c) ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro.

Ele não ironiza essa questão, o sentimento é de saudosismo.

d) dirige-se diretamente ao leitor, tornando assim patente o caráter confidencial do poema.

Drummond em tom confidencial fala com seu leitor durante poema. Isso pode ser percebido pela coloquialidade dos versos, das explicações de sua sua personalidade (por isso sou triste) e em versos como em "De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço".

e)critica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira.

Ele não faz essa crítica durante o poema. 

Dessa maneira, a alternativa correta é a letra [D].



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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