Questão 11260

(FUVEST - 2017)

 

II/ São Francisco de Assis*

Senhor, não mereço isto
Não creio em vós para vos amar. 
Troxestes-me a São Francisco
e me fazeis vosso escravo. 

Não entrarei, senhor, no templo, 
seu frontispício me basta. 
Vossas flores e querubins
são matéria de muito amor. 

Dai-me, senhor, a só beleza
destes ornatos. E não a alma
Pressente-se dor de homem, 
paralela à das cinco chagas.

Mas entro e, senhor, me perco
na rósea nave triunfal. 
Por que tanto baixar o céu? 
por que esta nova cilada? 

Senhor, os púlpitos mudos
entretanto me sorriem. 
Mais que vossa igreja, esta
sabe a voz de me embalar. 

Perdão, senhor, por não amar-vos.

Carlos Drummond de Andrade

*O texto faz parte do conjunto de poemas "Estampas de Vila Rica",
que integra a edição crítica de  Claro Enigma. São Paulo: Cosac

Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco:

I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar.
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento.
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja.

A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em

A

I, apenas.

B

II, apenas.

C

II e III, apenas.

D

I e III, apenas.

E

I, II e III.

Gabarito:

I, II e III.



Resolução:

I. Afirmativa correta. A arquitetura barroca é um movimento da contrarreforma, que se apresentava de maneira extravagante para reforçar o poder da Igreja Católica. Essa questão se relaciona com o poema de Drummond, que relata um deslumbramento com a arquitetura de igreja de São Francisco. 

II. Afirmativa correta. A ideia era transportar o observador para um território imaginativo e que causasse deslumbramento. E esse efeito é percebido no poema de Drummond. 

III. Afirmativa correta. A exuberância da arquitetura era uma forma de demonstrar o poder da Igreja Católica em relação aos reformistas.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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