(FUVEST - 2018 - 1ª FASE)
TEXTO PARA A QUESTÃO:
Sarapalha
– Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada!
– É um instantinho e passa... É só ter paciência....
– É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres vestidas de cor de água, sem olhos na cara, para não terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar5, no meio das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o outro... Foram p’r’os infernos!...
– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem de ferro que levou...
– Não foi no rio, eu sei... No rio ninguém não anda10... Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosquitinhos e pondo neles a benção... Mas, na estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?...
– O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que não é bom variar...15
– Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez...
– O senhor já sabe as palavras todas de cabeça17... “Foi o moço-bonito que apareceu, vestido com roupa de dia de domingo e com a viola enfeitada de fitas19... E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”20...
– Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero, nenhuma!... Quero só ela... Luísa...
– Prima Luísa...
– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda, Primo!25 Me ajuda a ver...
– Não é nada, Primo Ribeiro... Deixa disso!
– Não é mesmo não...
– Pois então?!
– Conta o resto da estória!...30
– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era o capeta, ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa32, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”
Guimarães Rosa, Sagarana
No texto de Sarapalha, constitui exemplo de personificação o seguinte trecho:
“No rio ninguém não anda” (L. 11-12).
“só a maleita é quem sobe e desce” (L. 12).
“O senhor já sabe as palavras todas de cabeça” (L. 18).
“e com a viola enfeitada de fitas” (L. 19).
“ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa” (L. 32/33).
Gabarito:
“só a maleita é quem sobe e desce” (L. 12).
No texto de Sarapalha, constitui exemplo de personificação o seguinte trecho:
Alternativas
“No rio ninguém não anda” (L. 11-12).Comentário: alternativa incorreta. Não há personificação no trecho da alternativa A.
“só a maleita é quem sobe e desce” (L. 12).Comentário: alternativa correta. É visível a presença da personificação em que atribuído ao "maleita" os movimentos físicos tipicamente de ações humanos, ou seja, de subir e descer: "quem sobe e desce”.
“O senhor já sabe as palavras todas de cabeça” (L. 18).Não há personificação no trecho da alternativa C.
“e com a viola enfeitada de fitas” (L. 19).Não há personificação no trecho da alternativa D.
“ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa” (L. 32/33).Não há personificação no trecho da alternativa E.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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