Questão 37567

(FUVEST - 2019 - 2 fase - Questão 2)

Observe a tabela:

 

a) Descreva a situação atual e a tendência futura da área plantada de grãos no Brasil.
b) Há uma correlação entre a atual configuração da produção agrícola e a estrutura fundiária brasileira? Justifique sua
resposta.
c) Considerando os dados da tabela e os vetores de expansão do cultivo de soja no território brasileiro na última década,
aponte duas possíveis consequências deste processo, sendo uma ambiental e outra social.

Gabarito:

Resolução:

a) De 2006 a 2017 a produção de arroz apresentou queda e para o futuro prevê-se ainda mais redução; da mesma forma, o feijão apresentou queda e se manterá nesse ritmo. Ao contrário dos outros grãos citados, o milho é flutuante: apresentou queda na produção de 2006 a 2011 mas teve aumento em 2017; nas previsões, uma leve queda em 2022, seguida de um retorno do aumento para os mesmos níveis anteriores à queda. A soja cresce exponencialmente e o trigo acompanha, mas não no mesmo ritmo.

A tendência futura da área plantada de arroz e feijão é diminuir; a de soja e trigo é aumentar; e a de milho se mantém instável, ora com diminuição, ora com aumento. Os grãos que terão seu plantio incrementado nos próximos anos serão os de maior uso na produção agropecuária: soja (produção de ração para o gado) e milho (para aves). Além disso, o trigo, muito usado na produção de diversos tipos de alimentos dentro do país, aumenta em cultivo, mas devido ao clima, não sobe tanto.

b) A estrutura fundiária do Brasil tem total relação com a configuração da produção agrícola do país. A concentração fundiária existente no país diminui o número de pessoas com acesso à terra e aumenta o tamanho das propriedades (sem contar que uma grande extensão de terras é improdutiva): não permite que pequenas famílias exerçam a agricultura de subsistência (para abastecimento local) e a rotação de culturas, que preservam o solo e a variedade da produção. Muito utilizada nos latifúndios é a monocultura, que impede a manutenção do solo pois o torna infértil rapidamente, comparado ao seu potencial, e toma imensas áreas para a produção de apenas um tipo de planta. Os donos dos latifúndios, grandes proprietários de terra, têm interesses nos âmbitos do mercado, então se concentram em produzir aquilo que mais os vai enriquecer, e geralmente esses produtos são os que se associam à agropecuária: soja para produção de ração e milho. A configuração da produção agrícola brasileira depende daqueles que têm em suas mãos o maior número de terras, os latifundiários, devido à estrutura fundiária concentrada do país.

c) Uma consequência ambiental da produção exponencial de soja seria o desgaste dos solos em que ela é produzida e consequente infertilidade dos mesmos, uma vez que a monocultura acelera o processo de desgaste do solo e a rotação de culturas não é empregada na agricultura latifundiária, e tampouco é dado ao solo um período de “descanso” para que ele se recupere em minerais e nutrientes. Uma consequência social seria o agravamento da concentração fundiária e dos problemas advindos dela: a fome em diversas regiões do país, porque a produção agrícola, que advém dos latifúndios, ou é exportada ou é usada para compor a ração do gado; morte da produção local de diversos minifúndios, que são engolidos pelos grandes ruralistas e suas propriedades imensas, e que aumenta a vulnerabilidade social dos sem-terra, que desejam trabalhar e não têm condição (pois a terra pertence a outrem).



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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