(FUVEST - 2019 - 2ª fase)
Leia os textos.
Texto I
Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o capitalismo preparava o caminho para a libertação humana se tivesse olhado sua história do ponto de vista das mulheres. Essa história ensina que, mesmo quando os homens alcançaram certo grau de liberdade formal, as mulheres sempre foram tratadas como seres socialmente inferiores, exploradas de modo similar às formas de escravidão. “Mulheres”, então, no contexto deste livro, significa não somente uma história oculta que necessita se fazer visível, mas também uma forma particular de exploração e, portanto, uma perspectiva especial a partir da qual se deve reconsiderar a história das relações capitalistas.
FEDERICI, Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. S.l.: Elefante, 2017
Texto II
Em todas as épocas sociais, o tempo necessário para produzir os meios de subsistência interessou necessariamente aos homens, embora de modo desigual, de acordo com o estádio de desenvolvimento da civilização.
MARX, Karl, O capital. São Paulo: Boitempo, 2017
a) Existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em cada um dos textos? Justifique.
b) Explique o uso das aspas em “’Mulheres’”, no texto I.
Gabarito:
Resolução:
a) O texto I apresenta a evolução humana a partir da perspectiva masculina, uma vez que eram os homens os detentores do conhecimento formal, líderes das instituições sociais, chefes da família e formadores de opiniões; e também a questiona, na medida que sugere que se Marx propusesse a libertação humana pelo prisma feminino, sua condição social e suas limitações, as dificuldades certamente seriam muito maiores. Historicamente, as mulheres estiveram segregadas das grandes decisões, da política e das lideranças das instituições sociais e religiosas, ocupando um espaço determinado pela sociedade patriarcal, ao qual caberia o cuidado da casa e filhos. Nesse texto, a palavra “homens”, destina-se exclusivamente ao público masculino.
No texto II, a amplitude da palavra “homens” foi explorada e cabe a abordagem a toda a humanidade, homens e mulheres no processo de desenvolvimento da civilização.
b) A utilização das aspas no termo “mulheres” presente no texto I explicita a população feminina, persistentemente excluída do processo decisório das instituições, historicamente segregada das atividades políticas e destinada a uma posição social predeterminada pela sociedade majoritariamente masculina. “Mulheres” refere-se ao título da obra cujo trecho foi retirado e na qual pretende-se levantar uma reflexão sobre as formas de exploração e buscar uma reconsideração da história do capitalismo.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
Ver questão
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
Ver questão
(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
Ver questão
(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
Ver questão