Questão 44241

(FUVEST - 2020 - 1ª fase)

O feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas minha experiência de vida foi marcada pelo incômodo de uma incompreensão fundamental. Não que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infância e adolescência, não tinha consciência de mim. Não sabia por que sentia vergonha de levantar a mão quando a professora fazia uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que não queriam formar par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automático, me esforçando para não ser notada.

Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?

 

O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” (L.6) referida pela autora é:

A

“não que eu buscasse respostas para tudo” (L.6‐7).

B

“não tinha consciência de mim” (L.8).

C

“Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (L.10‐11).

D

“me esforçando para não ser notada” (L.15).

E

“sentia vergonha de levantar a mão” (L.8‐9).

Gabarito:

“não tinha consciência de mim” (L.8).



Resolução:

a) Alternativa incorreta. A expressão conectiva “não que” indica uma contradição e não está relacionada com a “incompreensão fundamental”.

b) Alternativa correta. A falta de consciência da autora quanto a si mesma ("Não tinha consciência de mim") está completamente associada à “incompreensão fundamental”.

c) Alternativa incorreta. Descreve o comportamento da autora cuja a razão de acontecer, ela mesma desconhece, o que fica evidente por meio da expressão "Não sabia por que".

d) Alternativa incorreta. Descreve o comportamento da autora cuja a razão de acontecer, ela mesma desconhece, o que fica evidente por meio da expressão "Não sabia por que".O mesmo raciocínio que foi apresentado na alternativa C.

e) Alternativa incorreta. Descreve o comportamento da autora cuja a razão de acontecer, ela mesma desconhece, o que fica evidente por meio da expressão "Não sabia por que".O mesmo raciocínio que foi apresentado na alternativa C e D.



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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