Questão 44425

(FUVEST - 2020 - 2a FASE)

A semente da integração nacional seria, pois, lançada pela nova Corte como um prolongamento da administração e da estrutura colonial, um ato de vontade de portugueses adventícios, cimentada pela dependência e colaboração dos nativos e forjada pela pressão dos ingleses que queriam desfrutar do comércio sem ter de administrar. A insegurança social cimentaria a união das classes dominantes nativas com a “vontade de ser brasileiros” dos portugueses imigrados que vieram fundar um novo Império nos trópicos. A luta entre as facções locais levaria fatalmente à procura de um apoio mais sólido no poder central. Os conflitos inerentes à sociedade não se identificam com a ruptura política com a Mãe Pátria, e continuam como antes, relegados para a posteridade. Maria Odila Leite da Silva Dias,

A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.

a) Caracterize o período histórico de que trata o texto.

b) Descreva os projetos dos principais grupos políticos do período.

c) Explique a frase: “Os conflitos inerentes à sociedade não se identificam com a ruptura política com a Mãe Pátria, e continuam como antes, relegados para a posteridade”.

Gabarito:

Resolução:

a) O trecho da obra de Maria Odila Leite da Silva Dias retrata o Período Joanino no Brasil, marcado pela vinda da corte portuguesa ao Brasil. Esse foi um momento de muitas mudanças na Colônia, com a elevação do Brasil à Reino Unido de Portugal, o poder público antes tão distante se fez presente na vida cotidiana, alterando as estruturas de poder. A abertura dos portos favorecendo a Inglaterra, a criação do Banco do Brasil e outras instituições científicas, como Bibliotecas e Universidades, junto de um movimento cultural para criação de uma identidade nacional forjou naquele momento o contexto perfeito para a Independência.

b) Os grupos políticos neste período se dividiam entre o Grupo dos Brasileiros e o Grupo dos Portugueses. O primeiro, composto pela elite colonial, pretendia viabilizar a organização da independência, porém lenta e gradual, se aproximando da figura de D. João VI no momento da Revolução Liberal do Porto. Já o segundo grupo, composto por profissionais liberais, apoiavam a volta do monarca para Portugal, com um projeto independência sem conexão com o passado colonial. 

c) A não ruptura com a Mãe Pátria, que aparece na frase selecionada, pode ser explicada a partir da permanência do Antigo Regime. Com a vinda da Corte Portuguesa, temos também a transposição de elementos culturais tipicamente europeus. Mesmo com os conflitos inerentes à sociedade, originados da insatisfação popular, há continuidade na relação de Mãe Pátria para com a Metrópole, já que essa representava o berço do Brasil. Portanto, fica relegado à posteridade essa ruptura com a metrópole que só é possível pós independência, e consolidada com a Proclamação da República. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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