(FUVEST - 2021 - 2ª fase)
Texto 1
O neoliberalismo define certa norma de vida nas sociedades ocidentais, e, para além dela, em todas as sociedades que as seguem no caminho da "modernidade". Essa norma impõe a cada um de nós que vivamos num universo de competição generalizada, intima os assalariados e as populações a entrar em luta econômica uns contra os outros, ordena as relações sociais segundo o modelo do mercado, obriga a justificar desigualdades cada vez mais profundas, muda até o indivíduo, que é instado a conceber a si mesmo e comportar-se como uma empresa.
Pierre Dardot e Christian Laval. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal, 2016.
Texto 2
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar
na estranha ordem geométrica de tudo,
(...)
Carlos Drummond de Andrade, "A Máquina do Mundo", de Claro Enigma, 1951.
Texto 3
Aqui tudo parece que era ainda construção e já é ruína
Tudo é menino, menina no olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto ganindo prá lua
Nada continua...
(...)
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial
Caetano Veloso. Trecho da música Fora da Ordem, 1991.
Texto 4
Quino, Mafalda. Assim vai o mundo!
Texto 5
Os adultos ficam dizendo: "devemos dar esperanças aos jovens". Mas eu não quero a sua esperança. Eu não quero que vocês estejam esperançosos. Eu quero que vocês estejam em pânico. Quero que vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. E eu quero que vocês ajam. Quero que ajam como agiriam em uma crise. Quero que vocês ajam como se a casa estivesse pegando fogo, porque está.
Greta Thunberg, Trecho de discurso em Davos, 2019
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: O mundo contemporrâneo está fora de ordem?
Instruções
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
• Dê um título a sua redação.
Gabarito:
Resolução:
O tema "o mundo contemporâneo está fora de ordem?" é um questionamento intenso sobre o mundo em que vivemos e as atuais condições em que ele se dá.
O primeiro texto motivador aborda a questão da competitividade nas questões econômicas. Além disso, o neoliberalismo é definido como “uma nova forma de vida" em todas as sociedades que aspiram à “modernidade”.
No segundo texto, Carlos Drummond de Andrade apresenta uma visão do mundo em que vivmeos, em que tudo que define o ser é regido pela “estranha ordem geométrica de tudo”.
O terceiro texto motivador é a música “Fora da Ordem”, de Caetavo Veloso, que aborda a contemporaneidade em: “aqui tudo parece que é construção e já é ruína”.
O quarto texto retrata a personagem Mafalda em completa instabilidade após tentar “curar” o mundo, representado num globo terrestre completamente “ferido”.
O último texto é um apelo da ativista Greta Thunberg, ela solicita que as lideranças não ignorarem a realidade, pedindo-lhes para substituírem o inadequado discurso de esperança por ações de caráter emergencial.
Para a construção do texto deveríamos desenvolver argumentos que abordassem os desajustes no cenário global. Poderíamos abordar as diversas mudanças climáticas preocupantes, ou os diversos cenários de fome e miséria ainda presentes em um mundo que desperdiça uma quantidade gigantesca de alimentos. Poderíamos citar a figura do oceanógrafo Jacques Cousteau, que lutou pela disseminação da mensagem de que algo deveria ser feito para conter a poluição no planeta, sobretudo, nos mares.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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