(FUVEST- 2022 - 1 fase)
No cerne da ideologia Bannon há uma série de contrastes extraordinariamente simplificadores entre bom e mau, sagrado e profano. Essa série semiótica cria perigosos outros, cuja existência contínua ameaça a boa gente que constitui o que Bannon descreve como a “verdadeira América”(...). Numa ordem social democrática, o conflito entre oponentes partidários é agonístico, não antagonístico. Bannon vê de outra forma. Não há espaço para a cortesia em seu universo (...).
Jeffrey Alexander. “Vociferando contra o iluminismo: A ideologia de Steve Bannon”. Sociologia & Antropologia, vol. 08, n. 3, set-dez, 2018.
O antagonismo é a luta entre inimigos, enquanto o agonismo representa a luta entre adversários. (...) o propósito da política democrática é transformar antagonismo em agonismo. Isso demanda oferecer canais por meio dos quais às paixões coletivas serão dados mecanismos de expressarem-se sobre questões que, ainda que permitindo possibilidade suficiente de identificação, não construirão o opositor como inimigo, mas como adversário.
Chantal Mouffe. “Por um modelo agonístico de democracia”. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 25, nov. 2005, p. 11-23.
A primeira citação foi retirada de um texto em que o sociólogo Jeffrey Alexander desenvolve o que compreende ser a ideologia de Steve Bannon, assessor do ex-presidente norte-americano Donald Trump. A segunda citação foi extraída de um artigo em que a cientista política Chantal Mouffe desenvolve a noção de “pluralismo agonístico”. A partir da perspectiva apresentada nas citações, é correto afirmar que a ideologia de Steve Bannon
defende uma ordem social agonística baseada na divisão entre grupos e nos conflitos entre inimigos políticos
sustenta uma ordem social baseada em consensos e que não admite conflitos entre adversários.
defende a possibilidade de conflitos entre adversários, mas não admite a lógica antagonística da aniquilação e exclusão do inimigo.
defende uma ordem social dividida entre bom e mau e que transforma o antagonismo em agonismo.
sustenta uma ordem social antagonística fundada na divisão da sociedade entre lados opostos que devem ser entendidos como inimigos.
Gabarito:
sustenta uma ordem social antagonística fundada na divisão da sociedade entre lados opostos que devem ser entendidos como inimigos.
a) defende uma ordem social agonística baseada na divisão entre grupos e nos conflitos entre inimigos políticos
Incorreta. Nota-se pela descrição do segundo texto, que tal prática representa uma atuação antagonística, e não agonística.
b) sustenta uma ordem social baseada em consensos e que não admite conflitos entre adversários.
Incorreta. O primeiro texto descreve uma atuação política agressiva, conflituosa. Portanto, não baseada em consensos, mas na imposição.
c) defende a possibilidade de conflitos entre adversários, mas não admite a lógica antagonística da aniquilação e exclusão do inimigo.
Incorreta. Tal lógica é sim admitida, segundo a inflexão do primeiro texto.
d) defende uma ordem social dividida entre bom e mau e que transforma o antagonismo em agonismo.
Incorreta. Pelo caráter agressivo, que propõe disputas intensas dos apoiadores em relação à oposição, não se pode atribuir o caráter agonístico à Bannon.
e) sustenta uma ordem social antagonística fundada na divisão da sociedade entre lados opostos que devem ser entendidos como inimigos.
Correta. Tendo em vista que Bannon apresenta uma política agressiva em que "não há espaço para a cortesia em seu universo", em relação a opositores, voltados, geralmente, para minorias, nota-se que esta caracteriza o empenho de uma ordem social antagonística.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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