(FUVEST- 2022 - 1ª fase)
Martín Fierro acredita na importância da contribuição intelectual da América, prévia tesourada a todo cordão umbilical. Acentuar e generalizar para as demais manifestações intelectuais o movimento de independência iniciado, no idioma, por Ruben Darío, não significa, entretanto, que haveremos de renunciar, nem muito menos que finjamos desconhecer que todas as manhãs nos servimos de um creme dental sueco, de umas toalhas francesas e de um sabonete inglês.
Martín Fierro tem fé em nossa fonética, em nossa visão, em nossas maneiras, em nosso ouvido, em nossa capacidade digestiva e de assimilação.
“Manifesto Martín Fierro”, de Oliverio Girondo, 15/5/1924. In: Jorge Schwartz, Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e textos críticos. São Paulo: EDUSP; Iluminuras; FAPESP, 1995, p. 116.
A revista de vanguarda literária Martín Fierro foi fundada em Buenos Aires, na Argentina, em 1924. O “Manifesto”, publicado no seu nº 4, apresentava sintonias com o movimento modernista paulistano, ao
propor a ruptura com tradições estéticas e valorizar a autonomia criativa local, sem desprezar os intercâmbios com a Europa.
defender a obediência aos modelos artísticos da França e da Inglaterra, reconhecendo sua contribuição intelectual.
repudiar o movimento de independência iniciado, na língua espanhola, pelo poeta nicaraguense Ruben Darío.
buscar inspiração nos modos de expressão popular e artística originários da América e revolucionar os hábitos de consumo.
condenar a inquietação intelectual e a experimentação literária em favor da cultura de massas e do conformismo.
Gabarito:
propor a ruptura com tradições estéticas e valorizar a autonomia criativa local, sem desprezar os intercâmbios com a Europa.
a) propor a ruptura com tradições estéticas e valorizar a autonomia criativa local, sem desprezar os intercâmbios com a Europa.
Correta. Nesse movimento, é importante frisarmos o protagonismo do antropofagismo, que estava relacionado a assimilar o que era europeu, e vomitar o que era genuinamente brasileiro, assimilando essas influências.
b) defender a obediência aos modelos artísticos da França e da Inglaterra, reconhecendo sua contribuição intelectual.
Incorreto. Não havia essa defesa, e sim uma manipulação dessas influências, para produzir algo brasileiro.
c) repudiar o movimento de independência iniciado, na língua espanhola, pelo poeta nicaraguense Ruben Darío.
Incorreto. Não há nenhum repudio desse movimento de independência.
d) buscar inspiração nos modos de expressão popular e artística originários da América e revolucionar os hábitos de consumo.
Incorreto. Não havia essa busca pela expressão popular, visto que esse movimento tinha um caráter elitista.
e) condenar a inquietação intelectual e a experimentação literária em favor da cultura de massas e do conformismo.
Incorreto. Não há nenhuma promoção ao conformismo e nem da cultura de massas desse movimento.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
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(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
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(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
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(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
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