Questão 69253

(FUVEST - 2022 - 1ª fase)

Por narrativas paralelas entende-se um procedimento literário segundo o qual dois ou mais fios narrativos pertencentes a níveis distintos de realidade se desenrolam intercaladamente formando um todo. Considerando-se a sua estrutura, as duas narrativas que podem ser identificadas com base nessa definição são:

A

Quincas Borba e Nove noites

B

Campo geral e Terra sonâmbula

C

Angústia e Campo geral.

D

Nove noites e Terra sonâmbula.

E

Quincas Borba e Angústia.

Gabarito:

Nove noites e Terra sonâmbula.



Resolução:

[D]

Em Terra sonâmbula, Mia Couto estrutura as narrativas de Mundinga e Tuahir, por um lado, e Kindzu, por outro. O menino e o velho que fogem da guerra e encontram, nos cadáveres pelo caminho, sua história são o ponto de partida para uma segunda narrativa: as memórias da vida de Kindzu, contadas a partir dos cadernos encontrados.

Em Nove noites, três narrativas estão em jogo e em paralelo: as cartas de Manoel Perna, o relato do jornalista-investigador e a história de Buell Quain (a qual atravessa as duas anteriores).

Os dois romances recorrem estruturalmente à ideia de arquivo e memória para constituir uma história polifônica, com vozes intercaladas, ainda que em torno de um contexto comum (a guerra civil moçambicana e o suicídio de um antropólogo, respectivamente). 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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