Questão 70219

(FUVEST- 2022 - 2ª fase)

Sweet home 

Quebra-luz, aconchego.
Teu braço morno me envolvendo.
A fumaça de meu cachimbo subindo.
Como estou bem nesta poltrona de humorista inglês.


O jornal conta histórias, mentiras...


Ora afinal a vida é um bruto romance
e nós vivemos folhetins sem o saber.


Mas surge o imenso chá com torradas,
chá de minha burguesia contente.
Ó gozo de minha poltrona!
Ó doçura de folhetim!
Ó bocejo de felicidade!
 

Carlos Drummond de Andrade.Alguma Poesia 

a) Porque a expressão em inglês Sweet Home suscita, no título do poema, um teor de ironia?

b) Na circunstância do poema, os termos 'bruto romance' e 'folhetins', como formas literárias, representam diferentes visões de mundo, estabelecendo entre si um contraste simbólico. Comente.

 

Gabarito:

Resolução:

a) A utilização do termo em inglês “sweet home” demonstra uma ironia no nível ideológico, apresentando a personalidade do eu lírico, provavelmente burguês, consumido pelas correntes artísticas e intelectuais estrangeiras, adotando um vocabulário estrangeiro para a sua própria vida.

b) Os dois formatos literários, ao serem contrapostos nos versos “Ora afinal a vida é um bruto romance / e nós vivemos em folhetins sem o saber”, representam duas visões de mundo distintas, já que o gênero do romance tem como características marcantes uma densidade, presença maior de conflitos, enredos tortuosos, finais nem sempre felizes etc. Em contrapartida, os folhetins representam as narrativas mais simples, com dramas mais superficiais, uma garantia de um final feliz e uma narração que floreia todos os acontecimentos. Tais características dos gêneros literários são trazidas para comparar-se ao modo como encaramos ou enxergamos nossas vidas.

 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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