(FUVEST - 2023)
Leia o trecho e responda à questão: Artistas não fazem arte apenas.
Artistas criam e preservam mitos que tornam suas obras influentes. Enquanto os pintores do século XIX enfrentavam questões de credibilidade, Marcel Duchamp, o avô da arte contemporânea, fez da crença sua preocupação artística central. Em 1917, ele declarou que um mictório suspenso era uma obra de arte intitulada Fonte. Ao fazer isso, atribuiu aos artistas em geral um poder quase divino de designar qualquer coisa que quisessem como arte. Não é fácil defender esse tipo de autoridade, mas é essencial para um artista que deseja obter sucesso. Numa esfera na qual tudo pode ser arte, não existe nenhuma medida objetiva de qualidade, de modo que o artista ambicioso deve estabelecer seus próprios padrões de excelência. A construção de padrões exige não apenas uma imensa autoconfiança, mas também a convicção dos outros. Como deidades competitivas, os artistas precisam hoje agir de modo a conquistar um séquito fiel. Ironicamente, ser artista é um ofício.
Sarah Thornton. O que é um artista? Trad. Alexandre Barbosa de Souza. 2015. Adaptado.
a) Considerando o sentido de “arte” e de “artista” no texto, explique por que, ironicamente, ser artista é um ofício.
b) “A construção de padrões exige não apenas uma imensa autoconfiança, mas também a convicção dos outros”. Identifique os elementos coesivos do período transcrito e explique que ideia transmitem no texto.
Gabarito:
Resolução:
A) Partindo da concepção moderna de arte apresentada no texto, o artista está relacionado a dois tipos de ações: fazer e designar. A primeira tem como resultado um tipo de arte que é fruto das suas habilidades e dos aspectos que envolvem a feitoria de sua criação, isto é, todo o trabalho árduo utilizado para a elaboração de algo admirável. A essa vertente, acrescenta-se a segunda, já anunciada no primeiro período, "Artistas não fazem arte apenas”. Eles teriam o poder de designar como arte algo que já existe, por meio de uma releitura e interpretação do que já se encontra pronto. Dessa dupla articulação, a de criar ideias e a de criar identidades, em função do outro e dele mesmo, compreende-se a ironia referida: o fato de que o artista precisa como que "conquistar clientes”, conquistar aqueles que vão "aceitar as coisas do mundo que ele tratou como arte", o que faria desse trabalho também um ofício, por meio do qual ele cria seus próprios padrões de excelência.
B) Os elementos coesivos são “não apenas" e “mas também”. Tais elementos transmitem a ideia de adição entre os termos que complementam o sentido do verbo “exigir” no texto.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
Ver questão
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
Ver questão
(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
Ver questão
(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
Ver questão