Questão 78818

(FUVEST - 2023)

 

“O quadro Independência ou Morte retrata o momento em que D. Pedro levanta a espada e proclama a independência do Brasil. Saliento, nessa obra, a pompa em sua composição que sobressai em todos os detalhes. Além disso, note-se que a luz esplendorosa que ilumina os personagens vem do alto, do céu.

A tela do maçom Blanes representa o juramento de 33 homens que, em 25 de agosto de 1825, deram início à reconquista militar da Província Oriental [que] culminou com a independência nacional uruguaia. Enfatizo nesta pintura que os homens pisam num terreno plano e usam roupas comuns. Uma forte luz, que brota da terra, os ilumina, mostrando sua força e determinação interiores.

Assim, Pedro Américo revestiu seu tema com grandeza, ressaltando as aparências exteriores. De outra parte, o uruguaio salienta as virtudes que vinham de dentro dos heróis, fazendo dos trajes apenas acessórios menores que não ofuscam a magnitude da cena histórica. Na minha visão, as escolhas pictóricas de Pedro Américo estão relacionadas ao imaginário simbólico da monarquia e as de Blanes foram inspiradas pelo ideário republicano. São as afinidades políticas que nos fazem entender as concepções diferentes dos dois pintores sobre o mesmo tema da independência.”

PRADO, Maria Ligia C. “A pintura e a construção das identidades nacionais na América Latina”. Nossa América, Revista do Memorial da América Latina, n. 59, 2022; p. 22 e 23. Adaptado.

 

Com base no texto e na leitura das imagens, responda:

a) Como, no tema da tela pintada por Blanes, se articulam as histórias do Brasil e do Uruguai?

b) Que elementos corroboram a ideia de pompa na pintura de Pedro Américo e de despojamento na de Blanes? Indique um elemento de cada imagem.

c) Como, na visão da autora, as pinturas se relacionam com os regimes políticos adotados, após as independências, no Brasil e no Uruguai?

Gabarito:

Resolução:

a) Como, no tema da tela pintada por Blanes, se articulam as histórias do Brasil e do Uruguai?

O tema da tela pintada por Blanes se articula às histórias do Brasil e Uruguai pelo fato de que retrata a reunião de lideranças políticas locais em vista da libertação do domínio brasileiro, visto que o Uruguai era a Província da Cisplatina naquele momento, pertencendo ao Império do Brasil. 

b) Que elementos corroboram a ideia de pompa na pintura de Pedro Américo e de despojamento na de Blanes? Indique um elemento de cada imagem.

A ideia de pompa na pintura de Pedro Américo é corroborada por elementos como: a vestimenta militar de Dom Pedro I; a presença da guarda da honra do imperador; o destaque de D. Pedro I como personagem principal em primeiro plano; a presença dos cavalos, demonstrando poder.

Enquanto a ideia de despojamento na pintura de Blanes é vista em elementos como: os personagens dispostos em terra firme, no mesmo plano; trajes não tão luxuosos, não havendo tanta distinção entre eles; o uso da iluminação vinda de baixo; a centralização na imagem da bandeira, e não de um personagem específico.

c) Como, na visão da autora, as pinturas se relacionam com os regimes políticos adotados, após as independências, no Brasil e no Uruguai?

As figuras se relacionam com os regimes políticos adotados após as independências pelo fato de que, no caso brasileiro, o regime monárquico recebe um papel preponderante na figura de D. Pedro I que é posto como elemento central da figura, como lider do processo de independência e detentor do comando da nação. Enquanto o caso uruguaio traz o foco em direção à bandeira, remetendo a uma coletividade representativa de ideiais republicanos, sem focar na imagem de um personagem central, mas da participação dos trinta e três personagens que compõem a cena. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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