Questão 77041

(FUVEST- 2023 - 1ª fase)

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 05 E 06

 

Luc Boltanski e Ève Chiapello demonstram com clareza e sagacidade a capacidade antropofágica do capitalismo financeiro que “engole” a linguagem do protesto e da libertação para transformá-la e utilizá-la para legitimar a dominação social e política a partir do próprio mercado.

Na dimensão do mundo do trabalho, por exemplo, todo um novo vocabulário teve que ser inventado para escamotear as novas transformações e melhor oprimir o trabalhador. Com essa linguagem aparentemente libertadora, passa-se a impressão de que o ambiente de trabalho melhorou e o trabalhador se emancipou.

Assim houve um esforço dirigido para transformar o trabalhador em "colaborador", para eufemizar e esconder a consciência de sua superexploração; tenta-se também exaltar os supostos valores de liderança para possibilitar que, a partir de agora, o próprio funcionário, não mais o patrão, passe a controlar e vigiar o colega de trabalho. Ou, ainda, há a intenção de difundir a cultura do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo pode ser empresário de si mesmo. E, o mais importante, se ele falhar nessa empreitada, a culpa é apenas dele. É necessário sempre culpar individualmente a vítima pelo fracasso socialmente construído.

 

SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2021.

 

De acordo com o texto, o uso de "colaborador” no lugar de “trabalhador”, no campo das relações de trabalho, indica

A

o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa ideia de um trabalhador fortalecido.

B

a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado nas tradicionais relações empregatícias.

C

a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece as relações do trabalhador com o Estado.

D

a consciência do patrão que rejeita a cultura do neoliberalismo.

E

o impedimento de o trabalhador investir na prática do empreendedorismo.

Gabarito:

o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa ideia de um trabalhador fortalecido.



Resolução:

a) o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa ideia de um trabalhador fortalecido.

Correto. Segundo o texto, o uso de termos como "colaborador" serve para eufemizar e esconder a consciência da exploração que o trabalhador é submetido. 

b) a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado nas tradicionais relações empregatícias.

Incorreto. Não há uma valorização do trabalhador com a essa mundança de termos.

c) a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece as relações do trabalhador com o Estado.

Incorreto. A cultura meritocrática não fortalece as relações do trabalhador com o Estado. 

d) a consciência do patrão que rejeita a cultura do neoliberalismo.

Incorreto. O patrão não rejeita a cultura do neoliberalismo. Essa cultura é, na verdade, insentivada por eles.

e) o impedimento de o trabalhador investir na prática do empreendedorismo.

Incorreto. Essa mudança de termos, na verdade, tem o intuito de difundir a cultura do empreendedorismo, segundo a ideia de que todo mundo poderia ser empresário de si. 



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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