(FUVEST - 2024)
Texto I
“W. I. Thomas, decano dos sociólogos norte-americanos, formula um teorema básico para as ciências sociais: ‘Se os indivíduos definem as situações como reais, elas são reais em suas consequências’. (...) A primeira parte do teorema constitui uma incessante lembrança de que os homens reagem não somente aos traços objetivos de uma situação, como também, e às vezes principalmente, ao sentido que a situação tem para eles. E, assim que atribuíram algum sentido à situação, sua conduta consequente, e algumas das consequências dessa conduta, são determinadas pelo sentido atribuído. (...) A profecia que se cumpre por si mesma é, inicialmente, uma definição falsa da situação que provoca uma nova conduta, a qual, por sua vez, converte em verdadeiro o conceito originalmente falso.”
MERTON, Robert. Sociologia: Teoria e Estrutura. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1970. p.515-517.
Texto II
“Depois de alguns anos inseridos nesta lógica de abuso e privações de distintos tipos, o detento é novamente colocado em liberdade. (...) Conseguir um trabalho não é tão fácil como parece, já que mesmo as atividades menos qualificadas e manuais (como as relacionadas a limpeza, serviços gerais, construção civil, dentre outras) demandam ‘atestado de bons antecedentes e a marca da passagem pela cadeia pode significar um indesejável pertencimento ao mundo do crime’ (Ramalho, 2018, p. 91). (...) O fator [condicionante da reincidência] mais citado, presente em 44% dos textos [sobre o tema], foi a baixa qualificação e as poucas oportunidades, sendo essa a explicação padrão de boa parte da literatura para a reincidência.”
RIBEIRO, Ludmila; OLIVEIRA, Valéria. Reincidência e reentrada na prisão no Brasil: o que os estudos dizem sobre os fatores que contribuem para essa trajetória. Artigo Estratégico 56. São Paulo: Instituto Igarapé, 2022. p.10-14.
Aplicando a noção proposta por Robert Merton, no texto I, ao cenário descrito no texto II, qual definição da situação das pessoas egressas do sistema prisional pelos possíveis empregadores no mercado de trabalho tornaria a reincidência criminal uma “profecia que se cumpre por si mesma”?
Pessoas egressas do sistema prisional têm dificuldade de conseguir emprego no mercado de trabalho porque são estigmatizadas.
Pessoas egressas do sistema prisional têm a mesma chance de conseguir empregos que o restante da população, razão pela qual não devem ser privilegiadas pelos empregadores.
Pessoas egressas do sistema prisional já foram condenadas e cumpriram pena pelo crime cometido e merecem a oportunidade de trabalhar para recomeçarem a vida.
Pessoas egressas do sistema prisional voltarão a cometer crimes e, por isso, não devem ser contratadas para trabalhar.
Pessoas egressas do sistema prisional conseguem somente trabalhos informais e de baixa remuneração por terem pouca qualificação e dificuldades para conseguir seus documentos.
Gabarito:
Pessoas egressas do sistema prisional voltarão a cometer crimes e, por isso, não devem ser contratadas para trabalhar.
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado
Ver questão
(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)
Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:
Ver questão
(Fuvest 2016)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento
Ver questão
(Fuvest 2012)
Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo.
Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:
Ver questão