Questão 82573

(FUVEST - 2024)

 

TEXTOS PARA AS QUESTÕES 82 E 83

 

Texto I

“Na confusão verde do fundo da machamba, Maria não viu o capataz imediatamente. Esbracejou com aflição, tentando libertar as pernas. O braço rodeou-lhe os ombros duramente.

O bafo quente e ácido do homem aproximou-se da sua face.

A capulana da Maria desprendeu-se durante a breve luta e a sensação fria de água tornou-se-lhe mais vívida. Um arrepio fê-la contrair-se.

Sentiu nas coxas nuas a carícia morna e áspera dos dedos calosos do homem.”

Luis Bernardo Honwana. Dina, In: Nós Matamos o Cão Tinhoso!.

 

Texto II

“– Mas choraste. A bofetada que te dei foi só uma disciplina para aprenderes a não fazer ciúmes. Gosto muito de ti, Sarnau. És a minha primeira mulher. É tua a honra deste território. Tu és a mãe de todas as mães da nossa terra. Tu és o meu mundo, minha flor, rebuçado [bala] do meu coração.

Deixei cair duas gotas de fel bem amargas e salgadinhas. Meu marido acariciava-me à moda dos búfalos; dizia-me coisas no ouvido e o seu hálito fedia a álcool, enjoava-me, arrepiavame, maltratando o meu corpinho frágil. Explodi furiosa e chorei de amargura.

– Sarnau, pareces ser uma machamba difícil. Já faz tempo que semeio em ti e não vejo resultado. Com a outra foi tão diferente. Bastou uma sementeira e germinou logo.

– Casámo-nos há pouco tempo, Nguila, muito pouco tempo.

– Não tenho lá muita paciência. Não estou para lavrar sem colher.”

Paulina Chiziane. Balada de amor ao vento, p. 61-62.

 

Os trechos transcritos foram retirados dos livros dos moçambicanos Luís Bernardo Honwana e Paulina Chiziane. Em ambos, observa-se a ocorrência da palavra “machamba”. A respeito do uso desse termo, é correto afirmar:

A

No texto I, machamba refere-se a um matagal, em sentido denotativo; no texto II, ao papel de esposa de Sarnau, em sentido conotativo. 

B

No texto I, machamba possui sentido literal, referindo-se às terras para cultivo; no texto II, o sentido é figurado, referindo-se ao útero de Sarnau.

C

No texto I, machamba possui sentido figurado, referindose à colheita; no texto II, o sentido é literal, referindo-se a um problema.

D

Em ambos os textos, machamba apresenta sentido literal e refere-se a um terreno agrícola de produção familiar.

E

Em ambos os textos, machamba possui sentido figurado e refere-se às terras férteis ocupadas pelos portugueses.

Gabarito:

No texto I, machamba possui sentido literal, referindo-se às terras para cultivo; no texto II, o sentido é figurado, referindo-se ao útero de Sarnau.



Resolução:



Questão 1779

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado

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Questão 1780

(FUVEST - 2016 - 1ª FASE)

Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale, entre outros, do seguinte recurso:

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Questão 1794

(Fuvest 2016)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.

Jorge Amado, Capitães da Areia.

1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas atingidas por determinadas doenças.

Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim chamado “romance de 1930”, que registra importantes transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à medida que esse movimento se expandia e diversificava. No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, constitui marca desse pertencimento

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Questão 1804

(Fuvest 2012)

Como não expressa visão populista nem elitista, o livro não idealiza os pobres e rústicos, isto é, não oculta o dano causado pela privação, nem os representa como seres desprovidos de vida interior; ao contrário, o livro trata de realçar, na mente dos desvalidos, o enlace estreito e dramático de limitação intelectual e esforço reflexivo. 

Essas afirmações aplicam-se ao modo como, na obra:

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