FUVEST 2011

Questão 2375

(FUVEST - 2011 - 1ª fase)

Todo o barbeiro é tagarela, e principalmente quando tem pouco que fazer; começou portanto a puxar conversa com o freguês. Foi a sua salvação e fortuna.
O navio a que o marujo pertencia viajava para a Costa e ocupava-se no comércio de negros; era um dos combóis que traziam fornecimento para o Valongo, e estava pronto a largar.
— Ó mestre! disse o marujo no meio da conversa, você também não é sangrador?
— Sim, eu também sangro...
— Pois olhe, você estava bem bom, se quisesse ir conosco... para curar 1a gente a bordo; morre-se ali que é uma praga.
2Homem, eu da cirurgia não entendo 3muito...
— Pois já não disse que sabe também sangrar?
— Sim...
— Então já sabe até demais.
No dia seguinte 4saiu o nosso homem pela barra fora: a 6fortuna tinha-lhe dado o meio, cumpria sabê-lo aproveitar; de oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro; restava unicamente saber fazer render a nova posição. Isso ficou por sua conta.
Por um feliz acaso logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois marinheiros; chamou-se o médico; ele fez tudo o que sabia... sangrou os doentes, e em pouco tempo estavam bons, perfeitos. Com isto ganhou imensa reputação, e começou a ser estimado.
Chegaram com feliz viagem ao seu destino; tomaram o seu carregamento de gente, e voltaram para o Rio. Graças à 5lanceta do nosso homem, nem um só negro morreu, o que muito contribuiu para aumentar-lhe a sólida reputação de entendedor do riscado.

Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.

Assim como faz o barbeiro, nesse trecho de Memórias de um sargento de milícias, também a personagem José Dias, de Dom Casmurro, irá se passar por médico (homeopata), para obter meios de subsistência.

Essa correlação indica que
I. estamos diante de uma linha de continuidade temática entre o romance de Manuel Antônio de Almeida e o romance machadiano da maturidade.
II. agregados transgrediam com bastante desenvoltura princípios morais básicos, razão pela qual eram proibidos de conviver com a rígida família patriarcal do Império.
III. os protagonistas desses romances decalcam um mesmo modelo literário: o do pícaro, herói do romance picaresco espanhol.

Está correto o que se afirma em:

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Questão 2404

( UERJ ) Observe a imagem: 

 

Resultado de imagem para pep montserrat uerj"

Colagem de Pep Monserrat. 

 

A imagem produzida pelo artista combina elementos de modo surpreendente, inesperado na realidade cotidiana. A figura da mão saindo do computador e oferecendo ao possível leitor um objeto característico de outro espaço de leitura sugere principalmente o sentido de:

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Questão 2429

(UERJ–2011)

Instrução: Leia o texto a seguir.

Múltiplo sorriso

Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com mais vagar. Na luz do fim da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. “Eu não estou só.”

SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.

Ao dizer que o pinheiro era artificial, “mas parecia de verdade”, a narrativa realça um estado que define a personagem. Isto ajuda o leitor a compreender o fingimento da personagem em relação à

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Questão 2430

(UERJ–2011)

Instrução: Leia o texto a seguir.

Múltiplo sorriso

Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com mais vagar. Na luz do fim da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. “Eu não estou só.”

SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.



Há um contraste irônico entre o título do conto e o seu desenvolvimento. As ideias essenciais desse contraste são :

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Questão 2431

(UERJ–2011)
Instrução: Leia o texto a seguir.

Múltiplo sorriso

Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com mais vagar. Na luz do fim da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. “Eu não estou só.”

SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.

“Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. O trecho anterior revela o choque entre o mundo imaginário da personagem e a realidade de sua solidão.

Esse choque entre imaginação e realidade é enfatizado pela utilização do seguinte recurso de linguagem:

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Questão 2449

(UEL - 2011) 

Texto

Mas quando todas as luzes da península se apagaram ao mesmo tempo, apagón lhe chamaram depois em Espanha, negrum numa aldeia portuguesa ainda inventora de palavras, quando quinhentos e oitenta e um mil quilómetros quadrados de terras se tornaram invisíveis na face do mundo, então não houve mais dúvidas, o fim de tudo chegara. Valeu a extinção total das luzes não ter durado mais do que quinze minutos, até que se completaram as conexões de emergência que punham em acção os recursos energéticos próprios, nesta altura do ano escassos, pleno verão, Agosto pleno, seca, míngua das albufeiras, escassez das centrais térmicas, as nucleares malditas, mas foi verdadeiramente o pandemónio peninsular, os diabos à solta, o medo frio, o aquelarre, um terramoto não teria sido pior em efeitos morais. Era noite, o princípio dela, quando a maioria das pessoas já recolheram a casa, estão uns sentados a olhar a televisão, nas cozinhas as mulheres preparam o jantar, um pai mais paciente ensina, incerto, o problema de aritmética, parece que a felicidade não é muita, mas logo se viu quanto afinal valia, este pavor, esta escuridão de breu, este borrão de tinta caído sobre a Ibéria, Não nos retires a luz, Senhor, faz que ela volte, e eu te prometo que até ao fim da minha vida não te farei outro pedido, isto diziam os pecadores arrependidos, que sempre exageram.

(SARAMAGO, José. A jangada de pedra. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p.35-36.)

Sobre o emprego de conectivos no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. No trecho “[...] até que se completaram as conexões de emergência [...]”, a expressão em destaque expressa noção temporal e pode ser substituída por “quando”.
II. No trecho “[...] isto diziam os pecadores arrependidos, que sempre exageram”, o pronome relativo “que” inicia oração que acrescenta uma característica ao termo antecedente.
III. Em “ [...] e eu te prometo que até o fim da minha vida [...]” o conectivo “e” equivale a “mas”, iniciando uma oração coordenada adversativa.
IV. O uso do conectivo “mas” em “[...] parece que a felicidade não é muita, mas logo se viu quanto afinal valia” expressa oposição, portanto introduz uma oração coordenada adversativa.

Assinale a alternativa correta.

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Questão 2487

(Uel 2011)

Assinale a alternativa que apresenta o mesmo sentido do trecho “Enquanto iam-lhe cicatrizando as feridas roxas do corpo tatuado pela chibata, abria-se-lhe na alma rude de marinheiro um grande vácuo [...]” (p. 61), retirado do romance Bom-Crioulo de Adolfo Caminha.

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Questão 2634

(UFTM - 2011)

Analise as frases.

I. Ontem, fui até a escola para visitar velhos amigos.
   Ontem, fui até à escola para visitar velhos amigos.
II.Ontem, passei a noite na casa da minha prima.
   Ontem, passei à noite na casa da minha prima.
III.Ontem, entreguei o relatório a minha supervisora.
    Ontem, entreguei o relatório à minha supervisora.

Dentre os pares de frases apresentados, a estrutura frasal em que se verifica alteração de sentido da segunda frase em relação à primeira está contida em

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Questão 2717

(UNESP - 2011 - 1ª FASE)

A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresentada em Nova Iorque em 1917.

(Fonte - obra de Marcel Duchamp, fotografada por Alfred Stieglitz.)

A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,

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Questão 2808

(FUVEST - 2011 - 1ª fase)

Todo o barbeiro é tagarela, e principalmente quando tem pouco que fazer; começou portanto a puxar conversa com o freguês. Foi a sua salvação e fortuna.
O navio a que o marujo pertencia viajava para a Costa e ocupava-se no comércio de negros; era um dos combóis que traziam fornecimento para o Valongo, e estava pronto a largar.
— Ó mestre! disse o marujo no meio da conversa, você também não é sangrador?
— Sim, eu também sangro...
— Pois olhe, você estava bem bom, se quisesse ir conosco... para curar 1a gente a bordo; morre-se ali que é uma praga.
2Homem, eu da cirurgia não entendo 3muito...
— Pois já não disse que sabe também sangrar?
— Sim...
— Então já sabe até demais.
No dia seguinte 4saiu o nosso homem pela barra fora: a 6fortuna tinha-lhe dado o meio, cumpria sabê-lo aproveitar; de oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro; restava unicamente saber fazer render a nova posição. Isso ficou por sua conta.
Por um feliz acaso logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois marinheiros; chamou-se o médico; ele fez tudo o que sabia... sangrou os doentes, e em pouco tempo estavam bons, perfeitos. Com isto ganhou imensa reputação, e começou a ser estimado.
Chegaram com feliz viagem ao seu destino; tomaram o seu carregamento de gente, e voltaram para o Rio. Graças à 5lanceta do nosso homem, nem um só negro morreu, o que muito contribuiu para aumentar-lhe a sólida reputação de entendedor do riscado.

Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.

Para expressar um fato que seria consequência certa de outro, pode-se usar o pretérito imperfeito do indicativo em lugar do futuro do pretérito, como ocorre na seguinte frase:

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