FUVEST 2015

Questão 26820

(UnB/2015)

Com a técnica fotográfica proposta por Walter Benjamin, a arte como reprodução passou a ser pensada de um modo inteiramente diverso, não mais enquanto reprodução de um objeto ou tema, mas, sim, enquanto produção da própria obra. Essa nova perspectiva rompeu a tradição, lançando a modernidade em outro paradigma, em que o que contava não era mais imitar (a natureza ou os grandes modelos) ou ser original, mas, sim, o fato de não mais existir uma identidade única, fechada, da obra, do seu produtor e daquilo que eventualmente ela viesse a representar.

M. Seligmann-Silva. A segunda técnica em Walter Benjamin: o cinema e o novo mito da caverna. In: W. Benjamin. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 28 (com adaptações).

Infere-se do texto que, na denominada arte tradicional, a mimese era um princípio relevante na valorização de uma obra de arte.

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Questão 26915

(UEM - 2015)


Assinale o que for correto sobre o gênero lírico.

01) O gênero lírico, em comparação com o gênero épico ou narrativo, mostra-se marcado por um filtro subjetivo que favorece a expressão individual, bem como a intensificação de sentimentos e emoções.   

02) Embora marcado por grande liberdade temática, o gênero lírico é bastante rigoroso no tocante às formas fixas, de modo que se manifesta apenas em sonetos, odes, elegias, contos e novelas.   

04) Em contraste com a presença de um narrador no gênero épico, na lírica nota-se a presença de um eu lírico, que tanto permite a expressão de um mundo interior quanto serve de filtro para a realidade externa.   

08) Uma das principais subdivisões do gênero lírico encontra-se no par “comédia” e “tragédia” que, presente desde as primeiras manifestações do gênero, deu origem, já no fim do século XVIII, à “tragicomédia”, com a utilização de versos livres e brancos.   

16) Recursos formais como a rima, a métrica e o ritmo, embora possam ser verificados em outros gêneros literários, encontram-se especialmente ligados ao gênero lírico, favorecendo sua sonoridade e sua expressividade.   

A soma dos itens corretos é:

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Questão 26933

(Uece 2015)  No mundo dos multicelulares, há níveis de organização superiores à célula. A partir dessa informação, assinale a afirmação verdadeira.

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Questão 26995

(UFSM - 2015)

Os hábitos alimentares estão entre os principais traços culturais de um povo. Era de se esperar, portanto, que houvesse alguma menção sobre o assunto no primeiro contato entre os portugueses e os nativos, conforme relatado na Carta de Pero Vaz de Caminha. De fato, Caminha escreve a respeito da reação de dois jovens nativos que foram ate a caravela de Cabral e que experimentaram alimentos oferecidos pelos portugueses:

Deram-lhe[s] de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada de tudo aquilo. E se provavam alguma coisa, logo a cuspiam com nojo. Trouxeram-lhes vinho numa taça, mas apenas haviam provado o sabor, imediatamente demonstraram não gostar e não mais quiseram. Trouxeram-lhes água num jarro. Não beberam. Apenas bochechavam, lavando as bocas, e logo lançavam fora.                                                                       

Fonte: CASTRO, Silvio (org.) A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 93.

A partir da leitura do fragmento, são feitas as seguintes afirmativas:

I. No fragmento, ao dar destaque as reações dos nativos frente à comida e a bebida oferecidas, Caminha registra o comportamento diferenciado deles quanto aos itens básicos da alimentação de um europeu.

II. No fragmento, percebe-se a antipatia de Caminha pelos nativos, o que se confirma na leitura do restante da carta quanto a outros aspectos dos indígenas, como sua aparência física.

III. O predomínio de verbos de ação, numa sequência de eventos interligados cronologicamente, confere um teor narrativo ao texto.

Está(ão) correta(s):

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Questão 27046

(UFPR - 2015 - 1ª FASE)

O soneto “No fluxo e refluxo da maré encontra o poeta incentivo pra recordar seus males”, de Gregório de Matos, apresenta características marcantes do poeta e do período em que ele o escreveu:

Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo, e suas temperanças.
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.

Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.

 

De acordo com o poema, é correto afirmar:

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Questão 27057

(Upe 2015) No Arcadismo brasileiro, encontram-se textos épicos, líricos e satíricos. Com base nessa afirmação, leia os textos a seguir:


TEXTO 1
Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra

A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.

Cláudio Manuel da Costa

TEXTO 2
[...]
Enquanto pasta alegre o manso gado,
minha bela Marília, nos sentemos
à sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
na regular beleza,
que em tudo quanto vive nos descobre
a sábia Natureza.
[...]

Tomás Antônio Gonzaga

TEXTO 3
[...]
Amigo Doroteu, não sou tão néscio,
Que os avisos de Jove não conheça.
Pois não me deu a veia de poeta,
Nem me trouxe, por mares empolados,
A Chile, para que, gostoso e mole,
Descanse o corpo na franjada rede.
Nasceu o sábio Homero entre os antigos,
Para o nome cantar, do grego Aquiles;
Para cantar, também, ao pio Enéias,
Teve o povo romano o seu Vergílio:
Assim, para escrever os grandes feitos
Que o nosso Fanfarrão obrou em Chile,
Entendo, Doroteu, que a Providência
Lançou, na culta Espanha, o teu Critilo.
[...]

Tomás Antônio Gonzaga - Cartas Chilenas

Sobre eles, analise os itens seguintes:
I. Os três poemas são árcades e nada têm que possamos considerá-los pertencentes a outro estilo de época, uma vez que seus autores só produziram poemas líricos e com características totalmente arcádicas. Além disso, todos eles trazem referências à mitologia clássica mediante o uso de termos tais como “monte”, “Natureza” e “Jove”, respectivamente, nos textos 1, 2 e 3.
II. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa são poetas árcades, embora o primeiro tenha se iniciado como barroco, daí os trechos dos dois poemas de sua autoria revelarem traços desse momento da Literatura. De outro modo, Cláudio Manuel da Costa, no poema de número 1, se apresenta pré-romântico, razão pela qual sua produção se encontra dividida em dois momentos literários.
III. A referência a Critilo, autor textual do oitavo poema, sendo espanhol, é um dado falso que tem por finalidade ocultar a nacionalidade do autor mineiro e, ao mesmo tempo, corroborar a camuflagem da autoria, em decorrência do tom satírico e agressivo da epístola em versos. Contudo, o desejo de ocultação não foi alcançado, porque Tomás Antônio Gonzaga foi preso e deportado, por ter sido atribuída a ele a autoria das referidas Cartas.
IV. O tema do amor se faz presente nos poemas 1 e 2. Ambos apresentam bucolismo, característica do Arcadismo, contudo existe algo que os diferencia: o pessimismo do eu poético no texto 1 e a reciprocidade do sentimento amoroso no 2.
V. O texto 3, apesar de satírico, nega, pelos aspectos temáticos e formais, qualquer característica do Arcadismo, pois o poeta se preocupa, de modo especial, com os
acontecimentos históricos e se exime de preocupação estética, revelando desconhecimento da produção épica de poetas gregos e latinos.


Está(ão) CORRETO(S) , apenas, o(s) item(ns)

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Questão 27058

(UFSM - 2015) O momento da refeição sempre foi uma ocasião para conversar. Em O Uraguai, de Basílio da Gama, o narrador aproveita o banquete dos oficiais, que se segue ao desfile das tropas portuguesas, no Canto I, para apresentar as causas da guerra, conforme mostra o excerto a seguir.


[...]
Convida o General depois da mostra,
Pago da militar guerreira imagem,
Os seus e os espanhóis; e já recebe
No pavilhão purpúreo, em largo giro,
Os capitães a alegre e rica mesa.
Desterram-se os cuidados, derramando
Os vinhos europeus nas taças de ouro.

Ao som da 1ebúrnea cítara sonora
Arrebatado de furor divino
Do seu herói, Matúsio celebrava
Altas empresas dignas de memória.


[…]

Levantadas as mesas, entretinham
O congresso de heróis discursos vários.
Ali Catâneo ao General pedia
Que do principio lhe dissesse as causas
Da nova guerra e do fatal tumulto.

Fonte: GAMA, Basílio da. O Uraguai. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.


Glossário
1Ebúrnea: relativa ao marfim.


A partir da leitura do fragmento, bem como da obra a que pertence, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a seguir.

( ) Ao introduzir, no Canto I, as causas da guerra, percebe-se a preocupação do narrador em contar a história respeitando a ordem cronológica dos eventos, o que se dá desde o início do poema.

( ) A guerra, cujas causas são inquiridas por Catâneo, ocupara grande parte do relato, o que confere a obra seu tom épico, ainda que certas passagens de O Uraguai também apresentem traços de puro lirismo.

( ) O poema e todo composto em versos decassílabos brancos, predominantemente de ritmo heroico, como se pode ver claramente no excerto.

( ) A glorificação do General Gomes Freire de Andrade no excerto evidencia que ele e o herói do poema, símbolo da civilização europeia que chega aos Sete Povos e que se contrapõe aos indígenas, apresentados no poema como selvagens, sem quaisquer qualidades heroicas.

A sequência correta é

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Questão 27059

(Mackenzie 2015)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Textos para a(s) questão(ões)
Soneto VI
Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver-vos outra vez, se isto é verdade!
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
Com que Fílis entoa a voz cadente!
Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
Tudo me está causando novidade:
Oh! como é certo que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente!
Recebi (eu vos peço) um desgraçado,
Que andou até agora por incerto giro,
Correndo sempre atrás do seu cuidado:
Este pranto, estes ais com que respiro,
Podendo comover o vosso agrado,
Façam digno de vós o meu suspiro.

Cláudio Manoel da Costa

Soneto
Estes os olhos são da minha amada,
Que belos, que gentis e que formosos!
Não são para os mortais tão preciosos
Os doces frutos da estação dourada.
Por eles a alegria derramada
Tornam-se os campos de prazer gostosos.
Em zéfiros suaves e mimosos
Toda esta região se vê banhada.
Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
Do rosto do meu bem as prendas belas,
Dai alívio ao mal que estou gemendo.
Mas ah! delírio meu que me atropelas!
Os olhos que eu cuidei que estava vendo,
Eram (quem crera tal!) duas estrelas.

Cláudio Manoel da Costa

É traço relevante na caracterização do estilo de época a que pertencem os poemas de Cláudio Manoel da Costa, EXCETO:

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Questão 27060

(UEG - 2015)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Observe a pintura e leia o fragmento a seguir para responder à(s) questão(ões).

MEIRELLES, Victor. Batalha dos Guararapes. Disponível em: museuvictormeirelles.acervos.museus.gov.br. Acesso em: 24 mar. 2015.

Vinha logo de guardas rodeado
Fonte de crimes, militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado
O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra.

GAMA, Basílio. O Uraguai. In. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.

 

Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo brasileiro, nota-se, na obra, uma quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa quebra se evidencia

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Questão 27061

(Ufjf-pism 3 2015)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Fábula do Ribeirão do Carmo

A vós canoras Ninfas, que no amado
Berço viveis do plácido Mondego,
Que sois da minha lira doce emprego,
Inda quando de vós mais apartado.
[...]
Aonde levantado
Gigante, a quem tocara,
Por decreto fatal de Jove irado 1 ,
A parte extrema, e rara
Desta inculta região, vive Itamonte 2 ,
Parto da terra, transformado em monte.
[...]
Vizinho ao berço caro
Aonde a Pátria tive,
Vivia Eulina, esse prodígio raro,
Que não sei se inda vive,
Para brasão eterno da beleza,
Para injúria fatal da natureza.
[...]
Sabia eu como tinha
Eulina por costume
(Quando o maior Planeta quase vinha
Já desmaiando o lume,
Para dourar de luz outro horizonte)
Banhar-se nas correntes de uma fonte.
A fugir destinado
Com o furto precioso,
Desde a Pátria, onde tive o berço amado,
Recolhi numeroso
Tesouro, que roubara diligente
A meu Pai, que de nada era ciente. 3
[...]
Quis gritar; oprimida
A voz entre a garganta,
Apolo? Diz, Apol... A voz partida

Em seus braços a tinha
O louro Apolo presa;
E já ludíbrio da fadiga minha,
Por amorosa empresa,
Era despojo da Deidade ingrata
O bem, que de meus olhos me arrebata.
[...]
Porém o ódio triste
De Apolo mais se acende;
E sobre o mesmo estrago que me assiste,
Maior ruína emprende: 4
Que chegando a ser ímpia uma Deidade,
Excede toda a humana crueldade.
Por mais desgraça minha,
Dos tesouros preciosos
Chegou notícia, que eu roubado tinha
Aos homens ambiciosos;
E crendo em mim riquezas tão estranhas,
Me estão rasgando as entranhas.
[...]
Daqui vou descobrindo
A fábrica eminente
De uma grande Cidade; 5 aqui polindo
A desgrenhada frente,
Maior espaço ocupo dilatado,
Por dar mais desafogo a meu cuidado.
Competir não pertendo 6
Contigo, ó cristalino
Tejo, que mansamente vais correndo:
Meu ingrato destino
Me nega a prateada majestade,
Que os muros banha da maior Cidade. 7
[...]
Enfim sou, qual te digo,
O Ribeirão prezado;

Lhe nega força tanta:
Mas ah! eu não sei como, de repente
Densa nuvem me põe do bem ausente.
[...]

De meus Engenhos 8 a fortuna sigo:
Comigo sepultado
Eu choro o meu despenho; eles sem cura
Choram também a sua desventura.

COSTA, Cláudio Manoel do. “Fábula de Ribeirão do Carmo”. In: PROENÇA FILHO, Domício. A Poesia dos Inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996 [1768]. p. 120-127.

1 Por decreto fatal de Jove irado: alusão à guerra travada entre os deuses e os gigantes,
castigados no final por Júpiter, com a vitória dos deuses.
2 Itamonte: Itacolomi, pico de Minas Gerais.
3 (...) numeroso tesouro: alusão às riquezas da terra, ou de Itamonte, “pai” do infeliz Ribeirão.
4 emprende: forma que na época se alterna com empreende.
5 Alusão a Mariana, feita cidade em 1745.
6 pertendo: forma corrente à época; pretendo.
7 da maior Cidade: alusão a Lisboa.
8 Engenhos: aptidões, talentos naturais; aqui, entretanto, o vocábulo parece estar associado a Gênios, forças que dão o ser e o movimento às coisas; também os lugares estão, segundo a mitologia, sob a tutela dos Gênios (engenho <in – genium).

Em “Fábula do Ribeirão do Carmo”, pode-se entrever a denúncia de Cláudio Manoel da Costa quanto:

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