FUVEST 2015

Questão 24692

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) A questão toma por base uma modinha de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800).


Protestos a Arminda

        Conheço muitas pastoras

Que beleza e graça têm, 

Mas é uma só que eu amo

Só Arminda e mais ninguém.


         Revolvam meu coração

Procurem meu peito bem,

Verão estar dentro dele

Só Arminda e mais ninguém.


          De tantas, quantas belezas

Os meus ternos olhos veem,

Nenhuma outra me agrada

Só Arminda e mais ninguém.


           Estes suspiros que eu solto

Vão buscar meu doce bem,

É causa dos meus suspiros

Só Arminda e mais ninguém.


Os segredos de meu peito

Guardá-los nele convém,

Guardá-los aonde os veja

Só Arminda e mais ninguém.


               Não cuidem que a mim me importa

Parecer às outras bem,

Basta que de mim se agrade

Só Arminda e mais ninguém.


               Não me alegra, ou me desgosta

Doutra o mimo, ou o desdém,

Satisfaz-me e me contenta

Só Arminda e mais ninguém.


              Cantem os outros pastores

Outras pastoras também,

Que eu canto e cantarei sempre

Só Arminda e mais ninguém.

(Viola de Lereno, 1980.)

Sob o ponto de vista expressivo, a repetição do último verso de todas as estrofes tem a função de 

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Questão 24693

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) 

A questão focaliza um trecho de uma crônica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953).

          Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

          Mas por que o futebol?

          Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?

          Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

         No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

          Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

           O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído.

          Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.

          Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?

          O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

          As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão.

          As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego.

          Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba2.


1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição.
2 liamba: cânhamo, maconha.

(Linhas tortas, 1971.)

No fragmento da crônica, publicada pela primeira vez em 1921, o cronista considerava que: 

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Questão 24694

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) A questão focaliza um trecho de uma crônica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953).

Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

Mas por que o futebol?

Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?

Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído.

Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.

Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?

O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão.

As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego.

Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba2.


1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição.

2 liamba: cânhamo, maconha.

(Linhas tortas, 1971.)

No contexto da crônica, “transformar a banha em fibra” significa converter 

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Questão 24695

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) A questão focaliza um trecho de uma crônica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953).

Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

Mas por que o futebol?

Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?

Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído.

Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.

Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?

O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão.

As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego.

Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba2.


1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição.

2 liamba: cânhamo, maconha.

(Linhas tortas, 1971.)

Indique a expressão empregada pelo cronista que ilustra seu argumento sobre a adoção do futebol no sertão: 

 

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Questão 24696

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) A questão focaliza um trecho de uma crônica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953).

Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

Mas por que o futebol?

Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?

Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído.

Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.

Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?

O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão.

As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego.

Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba2.


1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição.

2 liamba: cânhamo, maconha.

(Linhas tortas, 1971.)

A argumentação construída ao longo da crônica estabelece uma oposição entre 

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Questão 24697

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE) 

A questão focaliza um trecho de uma crônica do escritor Graciliano Ramos (1892-1953).

          Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

          Mas por que o futebol?

          Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?

          Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

          No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

          Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

           O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes1 jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído.

          Os campeões brasileiros não teriam feito a figura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figurasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a disputá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um representante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vaidade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau.

          Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?

          O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

          As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão.

          As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego.

          Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba2.


1 mambembe: medíocre, reles, de baixa condição.
2 liamba: cânhamo, maconha.

(Linhas tortas, 1971.)

Na oração “O do futebol não preenche coisa nenhuma” (7o parágrafo) é omitida, por elipse, uma palavra empregada anteriormente: 

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Questão 24698

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE)

Ao Príncipe

Pela estrada da vida subi morros,

Desci ladeiras e, afinal, te digo

Que, se entre amigos encontrei cachorros,

Entre os cachorros encontrei-te, amigo!

Para insultar alguém hoje recorro

A novos nomes feios, porque vi

Que elogio a quem chame de cachorro,

Depois que este cachorro conheci.

(Fernando Góes (org.). Panorama da poesia brasileira, vol. 5, 1960.)


No poema de Belmiro Braga, a diferença expressiva mais relevante entre as duas ocorrências da palavra “cachorros” consiste no fato de que:

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Questão 24699

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE)

Ao Príncipe

Pela estrada da vida subi morros,

Desci ladeiras e, afinal, te digo

Que, se entre amigos encontrei cachorros,

Entre os cachorros encontrei-te, amigo!

Para insultar alguém hoje recorro

A novos nomes feios, porque vi

Que elogio a quem chame de cachorro,

Depois que este cachorro conheci.

(Fernando Góes (org.). Panorama da poesia brasileira, vol. 5, 1960.)


Indique a situação existencial de mendigos e cachorros de rua, implícita na tira, que leva a personagem a equipará-los. 

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Questão 24700

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE)

Ao Príncipe

Pela estrada da vida subi morros,
Desci ladeiras e, afinal, te digo
Que, se entre amigos encontrei cachorros,
Entre os cachorros encontrei-te, amigo!
Para insultar alguém hoje recorro
A novos nomes feios, porque vi
Que elogio a quem chame de cachorro,
Depois que este cachorro conheci.

(Fernando Góes (org.). Panorama da poesia brasileira, vol. 5, 1960.)

No contexto do poema, “estrada da vida” é uma imagem que significa 

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Questão 24701

(UNESP - 2015/2 - 1ª FASE)

Ao Príncipe

Pela estrada da vida subi morros,

Desci ladeiras e, afinal, te digo

Que, se entre amigos encontrei cachorros,

Entre os cachorros encontrei-te, amigo!

Para insultar alguém hoje recorro

A novos nomes feios, porque vi

Que elogio a quem chame de cachorro,

Depois que este cachorro conheci.

(Fernando Góes (org.). Panorama da poesia brasileira, vol. 5, 1960.)


Com a frase “a recíproca não é verdadeira”, a personagem da tira sugere que 

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