(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 25)
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
Considere as seguintes citações:
1. “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas não são nunca as mesmas e nós não somos nunca os mesmos.” – Heráclito (550 a.C.-480 a.C.)
2. “A breve duração da vida não nos permite alimentar longas esperanças.” – Horácio (65 a.C.-8 a.C.)
3. “O melhor para o homem é viver com o máximo de alegria e o mínimo de tristeza, o que acontece quando não se procura o prazer em coisas perecíveis.” – Demócrito (460 a.C.-370 a.C.)
4. “Toda e qualquer coisa tem seu vaivém e se transforma no contrário ao capricho tirânico da fortuna.” – Sêneca (4 a.C.-65 d.C.)
5. “Uma vez que a vida é um tormento, a morte acaba sendo para o homem o refúgio mais desejável.” – Heródoto (484 a.C.-430 a.C.)
Quais das citações aproximam-se tematicamente do soneto camoniano? Justifique sua resposta.
Ver questão
(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 27)
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
Elipse: figura de sintaxe pela qual se omite um termo da oração que o contexto permite subentender.
Domingos Paschoal Cegalla.
Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009. (Adaptado).
Transcreva o verso em que se verifica a elipse do verbo. Identifique o verbo omitido nesse verso.
Para o eu lírico, qual das mudanças assinaladas ao longo do soneto lhe causa maior perplexidade? Justifique sua resposta, com base no texto.
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(UNESP - 2017 - 2 fase - Questão 26)
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
Em um determinado trecho do soneto, o eu lírico assinala a passagem de uma estação do ano para outra. Transcreva os versos em que isso ocorre e identifique as estações a que eles fazem referência. Para o eu lírico, tal passagem constitui um evento aprazível? Justifique sua resposta.
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(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 28)
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e aisthesis, “sensação”, “percepção”) designa a transferência de percepção de um sentido para outro, isto é, a fusão, num só ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de sinestesia. Justifique sua resposta.
Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e substituindo o pronome “que” pelo seu referente.
Ver questão
(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 29)
Examine a tira do cartunista argentino Quino (1932- ).
Pelo conteúdo de sua redação, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o “Manolito”), além de estudar, exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente.
No trecho “As lojas fecham mais tarde por quê não escurese mais tamcedo”, verificam-se alguns desvios em relação à norma-padrão da língua. Reescreva este trecho, fazendo as correções necessárias.
Por fim, reescreva o trecho final da redação (“nós ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada dela”), desfazendo a redundância nele contida.
Ver questão
(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 30)
Leia a cena IX da comédia O Juiz de Paz da roça, do escritor Martins Pena (1815-1848), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Cena IX
Sala em casa do Juiz de paz. Mesa no meio com papéis; cadeiras. Entra o Juiz de Paz vestido de calça branca, rodaque de riscado, chinelas verdes e sem gravata.
Juiz: Vamo-nos preparando para dar audiência. (arranja os papéis) O escrivão já tarda; sem dúvida está na venda do Manuel do Coqueiro… O último recruta que se fez já vai me fazendo peso. Nada, não gosto de presos em casa. Podem fugir, e depois dizem que o Juiz recebeu algum presente. (batem à porta) Quem é? Pode entrar. (entra um preto com um cacho de bananas e uma carta, que entrega ao Juiz. Juiz, lendo a carta) “Ilmo. Sr. – Muito me alegro de dizer a V. Sa. que a minha ao fazer desta é boa, e que a mesma desejo para V. Sa. pelos circunlóquios com que lhe venero”. (deixando de ler) Circunlóquios… Que nome em breve! O que quererá ele dizer? Continuemos. (lendo) “Tomo a liberdade de mandar a V. Sa. um cacho de bananas-maçãs para V. Sa. comer com a sua boca e dar também a comer à Sra. Juíza e aos Srs. Juizinhos. V. Sa. há de reparar na insignificância do presente; porém, Ilmo. Sr., as reformas da Constituição permitem a cada um fazer o que quiser, e mesmo fazer presentes; ora, mandando assim as ditas reformas, V. Sa. fará o favor de aceitar as ditas bananas, que diz minha Teresa Ova serem muito boas. No mais, receba as ordens de quem é seu venerador e tem a honra de ser – Manuel André de Sapiruruca.” – Bom, tenho bananas para a sobremesa. Ó pai, leva estas bananas para dentro e entrega à senhora. Toma lá um vintém para teu tabaco. (sai o negro) O certo é que é bem bom ser Juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos, etc., etc. (batem à porta) Quem é?
Escrivão (dentro): Sou eu.
Juiz: Ah, é o escrivão. Pode entrar.
Comédias (1833-1844), 2007.
Nesta cena, verifica-se alguma contradição na conduta do Juiz de paz? Justifique sua resposta, com base no texto.
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(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 31)
Leia a cena IX da comédia O Juiz de Paz da roça, do escritor Martins Pena (1815-1848), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Cena IX
Sala em casa do Juiz de paz. Mesa no meio com papéis; cadeiras. Entra o Juiz de Paz vestido de calça branca, rodaque de riscado, chinelas verdes e sem gravata.
Juiz: Vamo-nos preparando para dar audiência. (arranja os papéis) O escrivão já tarda; sem dúvida está na venda do Manuel do Coqueiro… O último recruta que se fez já vai me fazendo peso. Nada, não gosto de presos em casa. Podem fugir, e depois dizem que o Juiz recebeu algum presente. (batem à porta) Quem é? Pode entrar. (entra um preto com um cacho de bananas e uma carta, que entrega ao Juiz. Juiz, lendo a carta) “Ilmo. Sr. – Muito me alegro de dizer a V. Sa. que a minha ao fazer desta é boa, e que a mesma desejo para V. Sa. pelos circunlóquios com que lhe venero”. (deixando de ler) Circunlóquios… Que nome em breve! O que quererá ele dizer? Continuemos. (lendo) “Tomo a liberdade de mandar a V. Sa. um cacho de bananas-maçãs para V. Sa. comer com a sua boca e dar também a comer à Sra. Juíza e aos Srs. Juizinhos. V. Sa. há de reparar na insignificância do presente; porém, Ilmo. Sr., as reformas da Constituição permitem a cada um fazer o que quiser, e mesmo fazer presentes; ora, mandando assim as ditas reformas, V. Sa. fará o favor de aceitar as ditas bananas, que diz minha Teresa Ova serem muito boas. No mais, receba as ordens de quem é seu venerador e tem a honra de ser – Manuel André de Sapiruruca.” – Bom, tenho bananas para a sobremesa. Ó pai, leva estas bananas para dentro e entrega à senhora. Toma lá um vintém para teu tabaco. (sai o negro) O certo é que é bem bom ser Juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos, etc., etc. (batem à porta) Quem é?
Escrivão (dentro): Sou eu.
Juiz: Ah, é o escrivão. Pode entrar.
Comédias (1833-1844), 2007.
Quais personagens participam da cena? A que personagem se refere o pronome “teu” em “Toma lá um vintém para teu tabaco.”? Qual a finalidade da carta enviada por Manuel André da Sapiruruca?
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(UNESP - 2017 - 2ª fase - Questão 32)
Leia o excerto do romance A hora da estrela de Clarice Lispector (1925-1977).
Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa [Macabéa]. Durante o dia eu faço, como todos, gestos despercebidos por mim mesmo. Pois um dos gestos mais despercebidos é esta história de que não tenho culpa e que sai como sair. A datilógrafa vivia numa espécie de atordoado nimbo, entre céu e inferno. Nunca pensara em “eu sou eu”. Acho que julgava não ter direito, ela era um acaso. Um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal. Há milhares como ela? Sim, e que são apenas um acaso. Pensando bem: quem não é um acaso na vida? Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo, o que é um ato que é um fato. É quando entro em contato com forças interiores minhas, encontro através de mim o vosso Deus. Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro.
A hora da estrela, 1998.
Para o narrador, o emprego de “difíceis termos técnicos” seria adequado para narrar a história de Macabéa? Justifique sua resposta. Transcreva a frase que melhor explicita a inconsciência da personagem Macabéa. Justifique sua resposta.
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(UNESP - 2017/2 - 2ª fase - Questão 25)
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia a letra da canção “Deus lhe pague”, do compositor Chico Buarque (1944- ), composta em 1971.
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo “estamos aí”
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
www.chicobuarque.com.br.
“Deus lhe pague”: pedido a Deus para que abençoe alguém por algo bom que esse alguém praticou.
Carlos Alberto de M. Rocha e Carlos Eduardo P. de M. Rocha. Dicionário de locuções e expressões da língua portuguesa, 2011.
Considerando a definição da expressão “Deus lhe pague”, é correto afirmar que o compositor se apropriou ironicamente dessa expressão em sua canção? Justifique sua resposta, valendo-se de três versos da letra da canção.
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(UNESP - 2017/2 - 2ª fase - Questão 26)
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia a letra da canção “Deus lhe pague”, do compositor Chico Buarque (1944- ), composta em 1971.
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo “estamos aí”
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
www.chicobuarque.com.br.
Considere as definições dos seguintes conceitos:
1. Autonomia: direito de um indivíduo tomar decisões livremente; independência moral ou intelectual; capacidade de governar-se pelos próprios meios.
2. Heteronomia: sujeição de um indivíduo a uma instância externa ou à vontade de outrem; ausência de autonomia.
Qual dos conceitos mostra-se mais adequado para descrever a existência retratada pela letra da canção? Justifique sua resposta, com base no texto.
Considerando o contexto histórico-social em que a canção foi composta, a quem ou a que se refere o pronome “lhe” em “Deus lhe pague”?
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