FUVEST 2020

Questão 44452

(FUVEST 2020 - 2 fase) Leia o poema e responda ao que se pede.

Mas a taba cresceu... Tigueras* agressivas,

Para trás! Agora o asfalto anda em Tabatinguera.

Mal se esgueira um pajé entre locomotivas

E o forde assusta os manes** lentos do Anhanguera.

[...]

Segue pra forca da Tabatinguera.

Lento O cortejo acompanha a rubra cadeirinha

Pro Ipiranga. Será que em tão pequeno assento

A marquesa botou sua imperial bundinha!...

Mário de Andrade, “Tabatinguera”, Losango Cáqui (1924). In: Poesias completas v.1. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

* área plantada onde já se fez a colheita.

** alma dos mortos, restos mortais.

a) Identifique um aspecto mencionado no poema que justifique a expressão “a taba cresceu”.

b) Destaque um argumento histórico e outro de caráter estético para o emprego de expressões indígenas no poema.

c) Explique as condições históricas que favoreceram a citação do “asfalto”, das “locomotivas” e do “forde”.

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Questão 44453

(FUVEST 2020 - 2 fase) Observe a imagem e leia o texto.

Felipe Guamán Poma de Ayala, o autor da imagem, foi um cronista ameríndio de ascendência incaica que viveu no Peru entre 1534 e 1615. A imagem faz parte de sua Nueva Corónica y Buen Gobierno, finalizada no começo do século XVII e endereçada ao rei Felipe III, sendo acompanhada da seguinte legenda, traduzida do espanhol:

“Pobre dos índios, de seis animais que comem e a que temem os pobres dos índios deste reino: serpente, corregedor; tigre, espanhóis das cidades; leão, encomendero; cadela, padre da doutrina; gato, escrivão; rato, cacique principal. Estes ditos animais que não temem a Deus esfolam aos pobres índios deste reino, e não há remédio, pobre Jesus Cristo”.

a) Identifique a situação do Peru quando da elaboração da obra.

b) Descreva as estruturas de poder político e econômico que são comentadas na imagem e no texto que a acompanha.

c) Analise as tensões no mundo indígena sugeridas por texto e imagem.

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Questão 44454

(FUVEST - 2020 - 2 fase)

A RENCA (Reserva Nacional do Cobre e Associados) é uma área de 46.450km^2 criada em 1984 que comporta diversos tipos de jazidas minerais, ond e a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) detém exclusividade na condução de trabalhos de pesquisa geológica, determinando a viabilidade quanto às atividades de extração. Há séculos, essa área é ocupada por povos originários que tiveram em suas terras a prospecção mineral. A demarcação das terras indígenas nessa área teve início somente a partir da década de 1990.

 

Disponível em https://www.socioambiental.org/. Adaptado.

a) Cite uma aplicação econômica de um dos minérios que podem ser encontrados na região.

b) Utilizando a legenda do mapa, destaque dois conflitos sociais passíveis de ocorrência na região.

c) Cite e explique dois tipos de impactos ambientais decorrentes da exploração minerária.

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Questão 44455

(FUVEST - 2020 - 2 FASE) 

Arla 32 é uma solução de aproximadamente 32 g de ureia (H2NCONH2) em 100 mL de água utilizada em veículos a diesel para diminuir as emissões de óxidos de nitrogênio (NO e NO2), que podem causar problemas ambientais quando em excesso na atmosfera. A solução de Arla, ao ser adicionada aos gases de escape do motor, em alta temperatura, forma amônia (reação I). Em uma segunda etapa, a amônia formada reage com NO2 e gera gás nitrogênio e água (reação II).

H_2NCONH_2(aq)+H_2O(l)
ightarrow 2NH_3(g)+CO_2(g)

8NH_3(g)+6NO_2(g)
ightarrow7N_2(g)+12H_2O(g)

a) Escreva a fórmula de Lewis da ureia.   

b) Calcule quantos litros de solução de Arla 32 são necessários para consumir todo o NO2 produzido em uma viagem de 100 km, considerando que a quantidade de NO2 formado por esse veículo é de 460 mg por km rodado. Indique os cálculos. 

c) Considerando que a reação entre NH3 e NO forma os mesmos produtos que a reação II, o volume gasto de Arla 32 para consumir o NO seria menor, igual ou maior ao usado para consumir uma mesma quantidade em mol de NO2? Justifique mostrando a reação entre NH3 e NO.

 

Note e adote:

Considerar todas as reações com 100% de rendimento.

Massas molares: ureia = 60 g.mol-1 ; NO2 = 46 g.mol-1 

Distribuição eletrônica: H: 1s1 ; C: 1s2 2s2 2p2 ; N: 1s2 2s2 2p3 ; O: 1s2 2s2 2p4

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Questão 44456

(FUVEST - 2020 - 2 FASE) 

O médico Hans Krebs e o químico Feodor Lynen foram laureados com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1953 e 1964, respectivamente, por suas contribuições ao esclarecimento do mecanismo do catabolismo de açúcares e lipídios, que foi essencial à compreensão da obesidade. Ambos lançaram mão de reações clássicas da Química Orgânica, representadas de forma simplificada pelo esquema que mostra a conversão de uma cadeia saturada em uma cetona, em que cada etapa é catalisada por uma enzima (E) específica:

a) Complete, no espaço determinado na folha de respostas, a fórmula estrutural do produto (IV) formado pela oxidação do álcool representado na estrutura (III). 

b) Identifique pelo número qual das espécies (I, II ou III) possui isomeria geométrica (cis ‐ trans) e desenhe os isômeros. 

c) Se R1 e R2 forem cadeias carbônicas curtas, os compostos representados por (III) serão bastante solúveis em água, enquanto que, se R1 e/ou R2 forem cadeias carbônicas longas, os compostos representados por (III) serão pouco solúveis ou insolúveis em água. Por outro lado, os compostos representados por (I) e (II) serão pouco solúveis ou insolúveis em água independentemente do tamanho das cadeias. Explique a diferença do comportamento observado entre as espécies(I) e (II) e a espécie (III).

Note e adote: Considere R1 e R2 como cadeias carbônicas saturadas diferentes, contendo apenas átomos de carbono e hidrogênio.

 

 

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Questão 44457

(FUVEST - 2020 - 2 FASE) Em um cerrado campestre bem preservado, ocorre a teia trófica representada no esquema. 

a) Cite uma espécie dessa teia alimentar que ocupa mais deu um nível trófico, especificando quais são eles. 

b) Cite cinco espécies de uma cadeia alimentar que faça parte dessa teia. Desenhe um esquema da pirâmide de energia desse ambiente. 

c) Com relação à dinâmica dessa teia alimentar, descreva o efeito indireto da extinção local do bem-te-vi sobre a população do predador de topo dessa teia (ou seja, aquele que preda sem ser predado por nenhum outro componente da teia). Caso o capim-cabelo-de-porco venha a sofrer uma grande queda em sua biomassa, qual interação biológica seria esperada entre os consumidores primários que se alimentam desse recurso? 

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Questão 44491

(UNICAMP - 2020 - 2ª FASE)

este livro

Meu filho. Não é automatismo. Juro. É jazz do coração. É
prosa que dá prêmio. Um tea for two total, tilintar de verdade
que você seduz, charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a
carapuça.
E cante.
Puro açúcar branco e blue

Ana Cristina César, A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 29.

a) No poema “este livro” usa-se um recurso poético chamado aliteração. Explique o que é aliteração e identifique um exemplo de aliteração presente nesse texto poético.

b) O poema propõe uma definição do próprio livro e inclui algumas “instruções” para o provável leitor. Identifique dois verbos que instruem o leitor e explique a frase “Não é automatismo”, com base no conjunto do poema.

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Questão 44492

 (UNICAMP - 2020 - 2ª FASE)

Resumindo seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num suspiro: 
― Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó! (...)
― Como Jó! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as faces. Não lhe bastava o arrependimento, a dor moral, queria o castigo físico, a maceração da carne, para completa punição da sua inépcia.
Não saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, é sinal de loucura. Ele era um doido? Sim, ele era um doido. Tal qual o avô. Riu alto; ele era um doido!

Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 296.

a) O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do século XIX. Aponte quatro características desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro.

 

b) No excerto acima, o narrador se detém no momento em que o protagonista, atormentado, revê sua trajetória e se recorda do avô. Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu funcionamento.

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Questão 44493

(UNICAMP - 2020 - 2ª FASE)

Texto I

(...) Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. (...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papeis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casemiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é amarga”.

(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 35-36.)

Texto II

RISOS

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!

A vida é triste ̶ quem nega?
̶ Nem vale a pena dizê-lo.
Deus a parte entre seus dedos
Qual um fio de cabelo!

Como o dia, a nossa vida
Na aurora ̶ é toda venturas,
De tarde ̶ doce tristeza,
De noite ̶ sombras escuras!

A velhice tem gemidos,
̶ A dor das visões passadas ̶
̶ A mocidade ̶ queixumes,
Só a infância tem risadas!

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante! 

Casemiro J. M. de Abreu, As primaveras. Rio de Janeiro: Tipografia de Paula Brito,1859, p. 237-238.

a) Nas três linhas iniciais do texto I, a autora estabelece uma relação entre o sujeito da ação e o espaço em que ele se encontra. Mencione e explique dois recursos poéticos que compõem a cena narrativa.

b) A representação da infância no texto I se aproxima e, ao mesmo tempo, difere daquela que se encontra no texto II. Considerando que o texto I é um excerto do diário de Carolina Maria de Jesus e o texto II é um poema romântico, identifique e explique essa diferença na representação da infância, com base nos períodos literários.

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Questão 44494

(UNICAMP - 2020 - 2ª FASE) 

Voltou à moda o velho “faça você mesmo” ou bricolagem. A ideia de que às vezes é melhor trabalhar com a mão na massa, engajando os cidadãos, se tornou uma metáfora para práticas pedagógicas, ações políticas, retórica empreendedora. Mas poucos usam, no Brasil, o termo que melhor representa essa potência criativa de que as pessoas são capazes: gambiarra. Palavra menos nobre, gambiarra existe, no Brasil e em outros países de língua portuguesa, quase sempre como um termo popular, dialetal ou depreciativo. Porque é um faça-você-mesmo rebelde que recombina peças já existentes, no interior de regras dadas, para inventar novas funções e afirmar novas regras. Escolhi cinco livros que mostram as gambiarras em ação, entre eles, A invenção do cotidiano: Artes de fazer, de Michel de Certeau. Nesse livro, o historiador e teólogo francês apresenta um estudo analítico e um elogio político da criatividade do “cidadão comum”. Ao traçar uma distinção entre estratégias (as regras do jogo formuladas pelos que têm o poder de estabelecer regras) e táticas (os gestos, ações, invenções dos subjugados, que tentam lidar com as regras, mas também achar um jeitinho de driblá-las), Certeau revela as gambiarras que fazem com que o cotidiano se invente e reinvente.

Adaptado de Yurij Castelfranchi, Livros para imaginar, apreciar e fazer gambiarras. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/estante/favoritos/2019/5-livros-para-imaginar-apre ciar-e-fazer-gambiarras. Acessado em 10/08/2019. 

a) Explique por que a gambiarra é, ao mesmo tempo, indisciplinada e criativa.

b) Segundo Castelfranchi, como Michel de Certeau associa a ideia de gambiarra às ações políticas do cidadão comum? Responda com base em dois exemplos citados no texto. 

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