(UNICAMP - 2007) Na África subsaariana, na América Latina, no Oriente Médio e em partes da Ásia, a urbanização com baixa taxa de crescimento econômico é claramente herança de uma conjuntura política global – a crise da dívida externa do final da década de 1970 e a subsequente reestruturação das economias do Terceiro Mundo pelo FMI nos anos 1980. O crescimento da população urbana, apesar do baixo crescimento econômico, é a face extrema do que alguns pesquisadores rotularam de “superurbanização”. (Adaptado de Mike Davis, Planeta de favelas: a involução urbana e o proletariado informal. In: Emir Sader (org.). Contragolpes: seleção de artigos da New Left Review. São Paulo: Boitempo, 2006, p.195.)
a) O que se entende por “superurbanização”?
b) Um dos resultados da superurbanização é o desenvolvimento de megacidades com mais de 8 milhões de habitantes e de hipercidades com mais de 20 milhões de habitantes, muitas delas localizadas na Ásia. Aponte e justifique as razões para essa forte urbanização recente em países asiáticos.
c) A predominância das favelas é uma das principais marcas da urbanização acelerada nos países de Terceiro Mundo e uma marca do crescimento da pobreza urbana. Explique algumas características que qualificam um assentamento como favela.
(UNICAMP - 2007) A expansão e reprodução do “complexo cafeeiro” não significou apenas o aumento físico da produção de café, mas sobretudo um processo de criação de novos “espaços” para a acumulação, que se fez acompanhar de efeitos multiplicadores ao nível da urbanização. Ou seja, estrutura-se o sistema urbano paulista, que passa a contar com capitais acumulados e que são transferidos para o comércio, a indústria e os serviços. (Barjas Negri, Concentração e Desconcentração Industrial em São Paulo (1880-1990). Campinas: Editora da Unicamp, 1996, p.34-35.)
A partir do texto acima responda:
a) O que caracteriza o chamado “complexo cafeeiro”?
b) Qual é o papel das ferrovias na dinamização do complexo cafeeiro em relação à criação de novos espaços para a acumulação?
c) Por que e como ocorreram as relações entre o complexo cafeeiro e o sistema urbano paulista?
(UNICAMP - 2007) Leia o trecho a seguir e responda às questões.
A população brasileira, segundo o Censo Demográfico 2000, atingiu um total de 169.799.170 pessoas em 1º de agosto de 2000. A série histórica dos censos brasileiros revela o importante crescimento populacional que o país experimentou durante o século XX, tendo em vista que a população foi multiplicada por quase dez vezes entre os censos de 1900 e 2000.
Contudo, o crescimento relativo vem declinando consistentemente desde a década de 1970, atingindo seu ritmo mais intenso durante a década de 1950, quando a população registrou uma taxa média de incremento anual de cerca de 3,0%. A partir de 1970 a taxa de crescimento demográfico vem se desacelerando, em função da acentuada redução dos níveis de fecundidade e de seus reflexos sobre os índices de natalidade. (Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico 2000, p.29.)
a) O que é índice de natalidade?
b) Por que houve redução da taxa de fecundidade média no Brasil, sobretudo a partir de 1970?
c) Quais são os motivos da redução da taxa de mortalidade no Brasil durante o século XXl?
(UNICAMP - 2007) No Brasil, os remanescentes de antigos quilombos, também conhecidos como “mocambos”, “comunidades negras rurais”, “quilombos contemporâneos”, “comunidades quilombola” ou “terras de preto”, constituem um patrimônio territorial e cultural inestimável e em grande parte desconhecido pelo Estado, pelas autoridades e pelos órgãos ofi ciais. Muitas dessas comunidades mantêm ainda tradições que seus antepassados trouxeram da África, como a agricultura, a medicina, a religião, a mineração, as técnicas de arquitetura e construção, o artesanato, os dialetos, a culinária, a relação comunitária de uso da terra, dentre outras formas de expressão cultural e tecnológica. (Adaptado de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos, Territórios das comunidades remanescentes de antigos quilombos no Brasil. Primeira configuração espacial. 2ª ed., Brasília: Editora Mapas, 2000, p.10.)
a) Tomando como referência o texto acima, discuta o significado do reconhecimento de territórios quilombolas como possibilidade de manutenção das tradições culturais africanas.
b) As populações quilombolas são consideradas tradicionais, tais como as indígenas e as caiçaras. Identifique duas características em comum entre quilombolas e caiçaras.
c) Que tradições trazidas pelos antepassados africanos foram mantidas nas comunidades remanescentes de quilombos?
(UNICAMP - 2007) As figuras escavadas em pedra nos mármores de Elgin, que circundavam o Parthenon, encorajavam as esperanças dos atenienses. Assim batizadas em honra do nobre inglês que as levou para Roma no século XIX, elas podem ser apreciadas hoje no Museu Britânico. Nos mármores estão esculpidas cenas em honra da fundação de Atenas e aos seus deuses. Celebrava-se o triunfo da civilização sobre o barbarismo.
(Adaptado de Richard Sennett, A pedra e a carne. O Corpo e a Cidade na Civilização Ocidental. Rio de Janeiro: Record, 2003, p. 37.)
a) O que significava “bárbaro” na Atenas Clássica?
b) Segundo o texto, o que o Parthenon e seus mármores significavam?
c) Explique por que a apropriação desses mármores pelos ingleses se dá no século XIX.
(UNICAMP - 2007) Podemos ver nas heresias dos séculos XII e XIII uma tentativa de apontar os erros e os desvios da Igreja, como sua intervenção no poder secular à custa de sua missão espiritual. A natureza da sociedade feudal cristã conduzia à visão da heresia como quebra da ordem divina e social. A heresia era uma falta grave, equivalente, no plano religioso, à quebra de um juramento entre um vassalo e seu senhor, de tal modo que infidelidade religiosa e social se confundem.
(Adaptado de Nachman Falbel, Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977, p. 13-15.)
a) Identifique no texto duas características das heresias dos séculos XII e XIII.
b) Como a Igreja reprimia as heresias na Idade Média?
c) Como as reformas religiosas do século XVI contestaram a autoridade da Igreja?
(UNICAMP - 2007) Da Idade Média aos tempos modernos, os reis eram considerados personagens sagrados. Os reis da França e da Inglaterra “tocavam as escrófulas”, significando que eles pretendiam, somente com o contato de suas mãos, curar os doentes afetados por essa moléstia. Ora, para compreender o que foram as monarquias de outrora, não basta analisar a organização administrativa, judiciária e financeira que essas monarquias impuseram a seus súditos, nem extrair dos grandes teóricos os conceitos de absolutismo ou direito divino. É necessário penetrar as crenças que floresceram em torno das casas principescas.
(Adaptado de Marc Bloch, Os reis taumaturgos. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 43-44.)
a) De acordo com o texto, como se pode compreender melhor as monarquias da Idade Média e da Idade Moderna?
b) O que significa “direito divino dos reis”?
c) Caracterize a política econômica das monarquias europeias entre os séculos XVI e XVIII.
(UNICAMP - 2007) Em Roma, no século XV, destruíram-se muitos e belos monumentos, sem que as autoridades ou os mecenas se lembrassem de os restaurar. No melhor período desse “regresso ao antigo”, ocorrido durante o Renascimento italiano, não se restaura nenhuma ruína, e toda a gente continua a explorar templos, teatros e anfi teatros, como se fossem pedreiras.
(Adaptado de Jacques Heers, Idade Média: uma impostura. Porto: Edições Asa, 1994, p. 111.)
a) Segundo o texto, quais foram as duas atitudes em relação à cidade de Roma no Renascimento?
b) Explique a importância da cidade de Roma na Antiguidade.
c) Por que o Renascimento italiano valorizou as cidades?
(UNICAMP - 2007) O aprisionamento de indígenas pelos bandeirantes foi uma forma de obter mão-de-obra para a lavoura e para o transporte. No litoral, o preço dos indígenas era bem menor que o dos escravos negros - o que interessava aos colonos menos abonados. O sistema de apresamento consistia em manter boas relações com uma tribo indígena e aproveitar seu estado de guerra quase permanente com seus adversários, para convencê-la a lhes ceder os vencidos, os quais costumeiramente eram devorados em rituais antropofágicos.
(Adaptado de Laima Mesgravis, “De bandeirante a fazendeiro”. In: Paula Porta (org.), História da cidade de São Paulo: a cidade colonial, 1554-1822. São Paulo: Paz e Terra, 2004, vol. 1, p. 117.)
a) O que foram as bandeiras?
b) Por que o aprisionamento dos indígenas interessava aos bandeirantes e aos colonos?
c) O que eram rituais antropofágicos?
(UNICAMP - 2007) Iniciada como conflito entre facções da elite local, a Cabanagem, no Pará (1835-1840), aos poucos fugiu ao controle e tornou-se uma rebelião popular. A revolta paraense atemorizou até mesmo liberais como Evaristo da Veiga. Para ele, tratava-se de gentalha, crápula, massas brutas. Em outras revoltas, o confl ito entre elites não transbordava para o povo. Tratava-se, em geral, de províncias em que era mais sólido o sistema da grande agricultura e da grande pecuária. Neste caso está a revolta Farroupilha, no Rio Grande do Sul, que durou de 1835 a 1845.
(Adaptado de José Murilo de Carvalho, A construção da ordem: a elite imperial. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2003, p. 252-253.)
a) Segundo o texto, o que diferenciava a Cabanagem da Farroupilha?
b) Quais os significados das revoltas provinciais para a consolidação do modelo político imperial?
c) O que levava as elites agricultoras e pecuaristas a se rebelarem contra o poder central do Império?