(UNESP/2008)
OS SERTÕES
A Serra do Mar tem um notável perfil em nossa história. A prumo sobre o Atlântico desdobra-se como a cortina de baluarte desmedido. De encontro às suas escarpas embatia, fragílima, a ânsia guerreira dos Cavendish e dos Fenton. No alto, volvendo o olhar em cheio para os chapadões, o forasteiro sentia-se em segurança. Estava sobre ameias intransponíveis que o punham do mesmo passo a cavaleiro do invasor e da metrópole. Transposta a montanha - arqueada como a precinta de pedra de um continente - era um isolador étnico e um isolador histórico. Anulava o apego irreprimível ao litoral, que se exercia ao norte; reduzia-o a estreita faixa de mangues e restingas, ante a qual se amorteciam todas as cobiças, e alteava, sobranceira às frotas, intangível no recesso das matas, a atração misteriosa das minas...
Ainda mais - o seu relevo especial torna-a um condensador de primeira ordem, no precipitar a evaporação oceânica.
Os rios que se derivam pelas suas vertentes nascem de algum modo no mar. Rolam as águas num sentido oposto à costa. Entranham-se no interior, correndo em cheio para os sertões. Dão ao forasteiro a sugestão irresistível das entradas.
A terra atrai o homem; chama-o para o seio fecundo; encanta-o pelo aspecto formosíssimo; arrebata-o, afinal, irresistivelmente, na correnteza dos rios.
Daí o traçado eloquentíssimo do Tietê, diretriz preponderante nesse domínio do solo. Enquanto no S. Francisco, no Parnaíba, no Amazonas, e em todos os cursos d'água da borda oriental, o acesso para o interior seguia ao arrepio das correntes, ou embatia nas cachoeiras que tombam dos socalcos dos planaltos, ele levava os sertanistas, sem uma remada, para o rio Grande e daí ao Paraná e ao Paranaíba. Era a penetração em Minas, em Goiás, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso, no Brasil inteiro. Segundo estas linhas de menor resistência, que definem os lineamentos mais claros da expansão colonial, não se opunham, como ao norte, renteando o passo às bandeiras, a esterilidade da terra, a barreira intangível dos descampados brutos.
Assim é fácil mostrar como esta distinção de ordem física esclarece as anomalias e contrastes entre os sucessos nos dous pontos do país, sobretudo no período agudo da crise colonial, no século XVII.
Enquanto o domínio holandês, centralizando-se em Pernambuco, reagia por toda a costa oriental, da Bahia ao Maranhão, e se travavam recontros memoráveis em que, solidárias, enterreiravam o inimigo comum as nossas três raças formadoras, o sulista, absolutamente alheio àquela agitação, revelava, na rebeldia aos decretos da metrópole, completo divórcio com aqueles lutadores. Era quase um inimigo tão perigoso quanto o batavo. Um povo estranho de mestiços levantadiços, expandindo outras tendências, norteado por outros destinos, pisando, resoluto, em demanda de outros rumos, bulas e alvarás entibiadores. Volvia-se em luta aberta com a corte portuguesa, numa reação tenaz contra os jesuítas. Estes, olvidando o holandês e dirigindo-se, com Ruiz de Montoya a Madri e Díaz Taño a Roma, apontavam-no como inimigo mais sério.
De feito, enquanto em Pernambuco as tropas de van Schkoppe preparavam o governo de Nassau, em São Paulo se arquitetava o drama sombrio de Guaíra. E quando a restauração em Portugal veio alentar em toda a linha a repulsa ao invasor, congregando de novo os combatentes exaustos, os sulistas frisaram ainda mais esta separação de destinos, aproveitando-se do mesmo fato para estadearem a autonomia franca, no reinado de um minuto de Amador Bueno.
Não temos contraste maior na nossa história. Está nele a sua feição verdadeiramente nacional. Fora disto mal a vislumbramos nas cortes espetaculosas dos governadores, na Bahia, onde imperava a Companhia de Jesus com o privilégio da conquista das almas, eufemismo casuístico disfarçando o monopólio do braço indígena.
(EUCLIDES DA CUNHA. Os sertões. Edição crítica de Walnice Nogueira Galvão. 2 ed. São Paulo: Editora Ática, 2001, p. 81-82.)
Representante do pré-modernismo brasileiro e um dos maiores nomes de nossa literatura, Euclides da Cunha nos encanta pelo vigor e variedade de seus procedimentos de estilo. Neste sentido, um dos recursos notáveis de "Os sertões" é o das personificações na descrição de acidentes geográficos, que em seu texto parecem dotados de vontade e atitude própria, o que confere bastante dramaticidade a passagens como a apresentada.
Tomando por base este comentário, releia o período que constitui o quarto parágrafo e explique o procedimento da personificação ou prosopopeia que nele ocorre.
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(UEL - 2008) Os animais da Itália possuem cada um sua toca, seu abrigo, seu refúgio. No entanto, os homens que combatem e morrem pela Itália estão à mercê do ar e da luz e nada mais: sem lar, sem casa, erram com suas mulheres e crianças. Os generais mentem aos soldados quando, na hora do combate, os exortam a defender contra o inimigo suas tumbas e seus lugares de culto, pois nenhum destes romanos possui nem altar de família, nem sepultura de ancestral. É para o luxo e enriquecimento de outrem que combatem e morrem tais pretensos senhores do mundo, que não possuem sequer um torrão de terra.
(Plutarco, Tibério Graco, IX, 4. In: PINSKY, J. "100 Textos de História Antiga". São Paulo: Contexto, 1991. p. 20.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, pode-se afirmar que a Lei da Reforma Agrária na Roma Antiga
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(Uece 2008)
TEXT
It is impossible to define the now primary sense of literature precisely or to set rigid limits on its use. Literary treatment of a subject requires creative use of the imagination: something is constructed which is related to "real" experience, but is not of the same order. What has been created in language is known only through language, and the text does not give access to a reality other than itself. As a consequence, the texts that make up English literature are a part and a product of the English language and cannot be separated from it. Among the various ways of defining literature are to see it as an imitation of life, through assessing its effect on a reader, and by 1ANALYZING its form.
The imitation of life. Since at least the 4th century BC, when Aristotle described poetry as mimesis (imitation), literature has been widely regarded as an imitation of life. The mimetic theory was dominant for centuries, only falling into disfavor in the late 18th century with the rise of Romanticism, which took poetry to be essentially an expression of personal feeling. In the 20th century, however, the idea of mimesis was revived.
Effect on the reader. 2READING literature is widely believed to develop 3UNDERSTANDING and 4FEELING, by complementing the primary experiences of life with a range of secondary encounters. Although the experience of literature is not the same as 'real' experience, it can have an influence that extends beyond the period of 5READING. The response is inward and does not necessarily lead to physical movement or social action, although texts written as scripture or propaganda may have such results. In the 5-4th centuries BC, Plato acknowledged the power of poetry, but distrusted its rhetorical effect and mythic quality. In the Phaedrus, he attacked the cultivation of persuasion rather than the investigation of truth and in the Republic argued that, in an ideal state, poets would have no educational role. Aristotle, however, thought that the catharsis or purgation experienced in witnessing a tragic drama was beneficial. Generally, like Aristotle, critics have attached importance to the ethical purpose of literature and the morally 6UPLIFTING value of 'the best' literature.
Analyzing form. A reader is unlikely to respond with interest to the discovery that a textbook is written in continuous prose, with paragraphs and chapters. This is simply the accepted mode of referential writing. However, confrontation with a sonnet or the structure of a novel raises questions about the author's choice of form, a choice often related to contemporary fashion as well as individual intention. The literary writer imposes on language a more careful ordering than the choice of words and syntax that accompanies general communication.
Traditionally, literary texts have been easy to identify: an ode or a play is 'literary', but a menu or a telephone directory is not. There is, however, an indeterminate area of essays, biographies, memoirs, history, philosophy, travel books, and other texts which may or may not be deemed literary. [...] Many texts appear therefore to have literary aspects combined with other qualities and purposes, and ultimately individual or consensual choice must decide which has priority. The word literature tends to be used with approval of works perceived as having artistic merit, the evaluation of which may depend on social and linguistic as well as aesthetic factors. If the criteria of quality become exacting, a canon may emerge, limited in its inclusions and exclusions, and the members of a society or group may be required (with various degrees of pressure and success) to accept that canon and no other.
Literature is an exceptional area of language use, which many people have regarded as the highest service to which language can be put and the surest touchstone of good usage. Its creation is dependent on the resources available to the author in any period, but those resources may be enriched and increased by a literary tradition in which quotations from and allusions to 'the classics' abound and many words have literary nuances. In the 20th century, much attention has been given to the language of literature and the question of whether there is in fact distinctively literary language. Many features thought of as literary appear in common usage. Meter and formal rhythm derive from everyday speech, words often rhyme without conscious contrivance, multiple meaning and word associations are part of daily communication, and tropes and figures of speech are used in ordinary language. However, literary language shows a greater concentration of such features, deliberately arranged and controlled. Literary language makes us pause to consider, reread, and assess in a way that would destroy the flow of other modes of communication.
(From: McARTHUR, Tom (ed.). The Oxford Companion to the English Language. Oxford: Oxford University Press, 1998.)
The sentence: "Since at least the 4th century BC, when Aristotle described poetry as mimesis (imitation), literature has been widely regarded as an imitation of life" contains a /an:
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(UDESC - 2008)
Os principais fenômenos estudados pela eletroquímica são a produção de corrente elétrica, através de uma reação química (pilha), e a ocorrência de uma reação química, pela passagem de corrente elétrica (eletrólise). Com relação a esses fenômenos, analise as proposições abaixo.
I. As pilhas comuns são dispositivos que aproveitam a transferência de elétrons em uma reação de oxirredução, produzindo uma corrente elétrica, através de um condutor.
II. Em uma pilha a energia elétrica é convertida em energia química.
III. O fenômeno da eletrólise é basicamente contrário ao da pilha, pois enquanto na pilha o processo químico é espontâneo ∆E > 0, o da eletrólise é não-espontâneo ∆E < 0.
Assinale a alternativa correta.
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(PUC - RJ-2008) O fenol de fórmula molecular C6H5OH e fórmula estrutural
é um composto orgânico muito utilizado industrialmente e que possui solubilidade igual a 8,28 g em 100 mL de água a 25°C. Considerando essas informações e considerando, ainda, o seu comportamento em água, representado pela equação
C6H5OH(aq) + H2O(l) ↔ C6H5O-(aq) + H3O+(aq) , é correto afirmar que:
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(UERJ-2008)
As fragrâncias características dos perfumes são obtidas a partir de óleos essenciais.
Observe as estruturas químicas de três substâncias comumente empregadas na produção de perfumes:
O grupo funcional comum às três substâncias corresponde à seguinte função orgânica:
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(PUC - RJ-2008) Três resistores idênticos de estão ligados em paralelo com uma bateria de 12 V. Pode-se afirmar que a resistência equivalente do circuito é de
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(Unesp 2008 - MODIFICADA) Um circuito contendo quatro resistores é alimentado por uma fonte de tensão, conforme figura.
Calcule o valor da resistência R, sabendo-se que o potencial eletrostático em A é igual ao potencial em B.
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(Ufpa 2008) Desde Platão se discute a função sociocultural da arte, o que confere à sua autonomia uma certa relatividade. Recentemente, com a Escola de Frankfurt, cunhou-se para a determinação social da arte termos como “indústria cultural” e “cultura de massa”, porque, como diz Theodor Adorno, no regime econômico capitalista sacrifica-se “o que fazia a diferença entre a lógica da obra [de arte] e a do sistema social.” Com relação à interpretação de Adorno sobre a função social da arte no regime capitalista, considere as afirmativas abaixo:
I. Na sociedade capitalista, o desenvolvimento técnico-industrial conduziu à padronização do gosto em beneficio do mercado.
II. Não há gozo da arte, na sociedade liberal, se a criação for massificada.
III. Ao sacrificar a lógica da obra às determinações do sistema, o artista está garantindo não só seu lucro como a própria sobrevivência da arte, já que a nossa economia é capitalista.
IV. Com a indústria cultural, ocorre a perda completa da ideia de autonomia da arte.
V. Adorno não concorda com Platão quanto à ideia de que a experiência estética, como acontece hoje em dia, necessita de um nexo funcional para cumprir seu papel na vida social e política do homem.
Estão corretas as afirmativas:
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Dada a reação exotérmica:
a alteração que favorece a formação dos produtos é a elevação da
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