(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
S. Paulo, 13-XI-42
Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de apósgripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...)
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral.
Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.
No texto, as palavras “sinusitezinha” e “trabalhandinho” exprimem, respectivamente,
Ver questão
(FUVEST - 2088 - 1ª FASE) Há muitas, quase infinitas maneiras de ouvir música. Entretanto, as três mais freqüentes distinguem-se pela tendência que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente. Ouvir com o corpo é empregar no ato da escuta não apenas os ouvidos, mas a pele toda, que também vibra ao contato com o dado sonoro: é sentir em estado bruto. É bastante freqüente, nesse estágio da escuta, que haja um impulso em direção ao ato de dançar. Ouvir emotivamente, no fundo, não deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a música. É usar da música a fim de que ela desperte ou reforce algo já latente em nós mesmos. Sai-se da sensação bruta e entra-se no campo dos sentimentos. Ouvir intelectualmente é dar-se conta de que a música tem, como base, estrutura e forma. Referir-se à música a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcançada nesse processo.
Adaptado de J. Jota de Moraes, O que é música.
Considere as seguintes afirmações:
I. Ouvir música com o corpo é senti-la em estado bruto.
II. Ao ouvir-se música emotivamente, sai-se do estado bruto.
Essas afirmações articulam-se de maneira clara e coerente no período:
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
S. Paulo, 13-XI-42
Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de apósgripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...)
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral.
Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.
No trecho “...o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente”, apresenta-se um jogo de idéias contrárias, que também ocorre em
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
No início do século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe – uma célebre análise do poder político, apresentada sob a forma de lições, dirigidas ao príncipe Lorenzo de Médicis. Assim justificou Maquiavel o caráter professoral do texto:
Não quero que se repute presunção o fato de um homem de baixo e ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos príncipes; pois assim como os [cartógrafos] que desenham os contornos dos países se colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das planícies ascendem aos montes, assim também, para conhecer bem a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo.
Tradução de Lívio Xavier, adaptada.
Ao justificar a autoridade com que pretende ensinar um príncipe a governar, Maquiavel compara sua missão à de um cartógrafo para demonstrar que
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE) No início do século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe – uma célebre análise do poder político, apresentada sob a forma de lições, dirigidas ao príncipe Lorenzo de Médicis. Assim justificou Maquiavel o caráter professoral do texto:
Não quero que se repute presunção o fato de um homem de baixo e ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos príncipes; pois assim como os [cartógrafos] que desenham os contornos dos países se colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das planícies ascendem aos montes, assim também, para conhecer bem a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo.
Tradução de Lívio Xavier, adaptada.
Está redigido com clareza, coerência e correção o seguinte comentário sobre o texto:
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: Ah!, sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
asóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana,
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.
Machado de Assis, Dom Casmurro.
Considerando-se o contexto desse romance de Machado de Assis, pode-se afirmar corretamente que, no trecho acima, ao comentar o próprio estilo, o narrador procura
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE)
Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.
Machado de Assis, Dom Casmurro.
O “escrúpulo de exatidão” que, no trecho, o narrador contrapõe à exageração ocorre também na frase:
Ver questão
I) Vírus com a enzima transcriptase reversa são possuidores de RNA como material genético e são capazes de promover cópias de moléculas DNA a partir de moléculas de RNA.
II) Febre amarela, dengue, varíola, poliomielite, hepatite, hanseníase, Aids, condiloma, sarampo, sífilis e caxumba são exemplos de viroses humanas.
III) Há vírus bacteriófagos capazes de realizar o ciclo lítico onde a celula infectada não sofre alterações metabólicas e acaba gerando duas células filhas infectadas.
IV) Antibióticos como a penicilina, cefalexina e ampicilina não são indicados para o tratamento de viroses pois os vírus, devido a sua elevada capacidade mutagênica, desenvolvem rapidamente resistência a esses medicamentos.
V) Normalmente, os vírus apresentam especificidade em relação ao tipo de célula que parasitam. Assim, o vírus da hepatite tem especificidade pelas células hepáticas; os vírus causadores de verrugas têm especificidade por células epiteliais; assim como os vírus que atacam animais são inócuos em vegetais e viceversa.
Estão corretas:
Ver questão
(FUVEST - 2008 - 1ª FASE) Em 1872, foi realizado o primeiro recenseamento do Império. Baseado nos dados desse censo, o Mapa 1 apresenta a distribuição de escravos nas províncias brasileiras em relação à população total. O Mapa 2 mostra a porcentagem de índios aldeados em relação ao total de escravos nessas mesmas províncias e nesse mesmo ano.
Considere os mapas acima e seus conhecimentos para analisar as frases:
I. As maiores populações de escravos do Império, naquele período, estavam concentradas principalmente em províncias do atual Sudeste brasileiro, onde, na época, se desenvolvia, de forma acelerada, a cultura do café.
II. A grande parte dos índios aldeados do Império, relativamente à população de escravos, distribuía-se por territórios que hoje correspondem às regiões Norte e Centro-Oeste, onde trabalhavam na extração da borracha e em atividades mineradoras.
III. A baixa porcentagem de escravos, vivendo nas províncias da porção nordeste da atual região Nordeste do país, é indicativa do pouco dinamismo econômico dessa sub-região, naquele período.
Está correto o que se afirma apenas em
Ver questão