(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
O atobá-pardo é uma ave marinha com ampla distribuição em diferentes partes do globo. Seu nome comum varia muito de lugar para lugar, como, por exemplo, “brown booby” (Estados Unidos), bruinmalgas (África do Sul), alcatraz (Portugal) e “bruine gent” (Holanda), entre outras denominações. Tendo em vista essa diversidade de nomes, parece irônico que cientistas busquem utilizar ainda mais um nome – Sula leucogaster – para se referir a essa espécie. Discorra sobre as vantagens do uso do nome científico.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Uma espécie de inseto foi introduzida acidentalmente em uma ilha, levando a um rápido crescimento populacional. Para entender as consequências dessa introdução, pesquisadores monitoraram essa população ao longo do tempo, como representado na figura abaixo. Após o crescimento inicial, a população estabilizou-se em um tamanho de aproximadamente 1000 indivíduos.
Após 40 anos de sua introdução, um programa de controle dessa espécie foi implementado, no qual um animal que se alimenta desse inseto foi liberado na ilha, como parte de uma ação de controle biológico. Como resultado, houve o colapso da população do inseto invasor após poucas gerações. Considerando os tipos de interações ecológicas que podem ser ilustrados a partir do enunciado acima, responda:
a) Que interação ecológica foi responsável pela estabilização da população da espécie de inseto mencionada? Explique como ela atua.
b) Que tipo de interação ecológica levou ao declínio da população desses insetos? Explique sua resposta.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Em vista de uma globalização imposta por meio de mercados sem limites, muitos de nós têm a esperança de um retorno ao político sob outra forma – não a forma hobbesiana original de um Estado de segurança globalizado, ou seja, com dimensões de polícia, serviço secreto e forças militares, mas de um poder mundial de configuração civilizadora. No momento não nos resta muito mais do que a pálida esperança em alguma astúcia da razão – e um pouco de autorreflexão. Pois aquela ruptura muda cinde também a nossa própria casa. Nós só conseguiremos aferir adequadamente os riscos de uma secularização que saiu dos trilhos em outros lugares, se tivermos claro o que significa a secularização em nossas sociedades pós-seculares.
(HABERMAS, J. Fé e Saber. São Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 4.)
Explique por que Habermas considera que a secularização “saiu dos trilhos em outros lugares” e o que seria necessário para se construir uma possível alternativa.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
O amor não pode existir sem o reconhecer-se em um outro, a liberdade não pode existir sem o reconhecimento recíproco. Essa reciprocidade na figura humana, por seu turno, tem de ser livre para poder retribuir a doação de Deus [...]. É por isso que Deus pode “determinar” os homens no sentido de que ao mesmo tempo os capacita e os obriga à liberdade. Ora, não é preciso acreditar nas premissas teológicas para entender que, se desaparecesse a diferença assumida no conceito de criação, e no lugar de Deus entrasse um sujeito qualquer, entraria em cena uma dependência de tipo inteiramente não causal. Seria esse o caso, por exemplo, se um homem quisesse interferir na combinação causal dos cromossomos paterno-maternos segundo suas próprias preferências, sem ao menos supor contrafaticamente um consenso com o outro concernido.
(HABERMAS, J. Fé e Saber. São Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 24-25.)
Para Habermas, as intervenções pré-natais não terapêuticas na composição genética dos seres humanos têm consequências que podem minar a autocompreensão da ética da humanidade. Qual é a diferença conceitual entre uma criação atribuída a Deus e uma criação atribuída a um outro “sujeito qualquer”? Justifique sua resposta.
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Esse discernimento se deve a uma tríplice reflexão dos fiéis sobre a sua possibilidade em uma sociedade pluralista. Primeiramente, a consciência religiosa tem de assimilar o encontro cognitivo dissonante com outras confissões e religiões. Em segundo lugar, ela tem de adaptar-se à autoridade das ciências que detêm o monopólio social do saber mundano. Por fim, ela tem de adaptar-se às premissas do Estado constitucional, que se fundam em uma moral profana. Sem esse impulso reflexivo, os monoteísmos acabam por desenvolver um potencial destrutivo em sociedades impiedosamente modernizadas [...]. Tão logo uma questão existencialmente relevante vá para a agenda política, os cidadãos – tanto crentes como não crentes – entram em colisão com suas convicções impregnadas de visões de mundo e, à medida que trabalham as agudas dissonâncias desse conflito público de opiniões, têm a experiência do fato chocante do pluralismo das visões de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na consciência de sua própria facilidade – sem rasgar, portanto, o laço de uma comunidade política – eles reconhecem o que significam, em uma sociedade pós-secular as condições seculares de tomada de decisões, estabelecidas pela Constituição.
(HABERMAS, J. Fé e Saber. São Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 6-7.)
De acordo com Habermas, quais são as principais condições para que os argumentos religiosos sejam levados em consideração na agenda política? Qual a proposta de Habermas para melhorar a comunicação entre Fé e Ciência em sociedades pós-seculares?
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Inércia e covardia são as causas de que uma tão grande maioria dos homens, mesmo depois de a natureza há muito tê-los liberado de uma direção alheia (naturalmente maiores), de bom grado permaneça toda a vida na menoridade, e porque seja tão fácil a outros apresentarem-se como seus tutores. É tão cômodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes de meu entendimento; um guru espiritual, que faz as vezes de minha consciência; um médico, que decide por mim a dieta etc.; assim não preciso eu mesmo dispender nenhum esforço. Não preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar; outros se incumbirão por mim desta aborrecida ocupação.
(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 406.)
Na passagem citada acima, extraída do texto “Resposta à questão: o que é esclarecimento?”, Kant apresenta alguns motivos pelos quais o homem, a despeito de sua idade, prefere manter-se num estado de menoridade, abdicando ao esclarecimento. Tendo em vista essa passagem e o conjunto do texto no qual ela se encontra, responda às seguintes questões:
O que é o esclarecimento para Kant? O que ele entende por “menoridade”? Em que circunstância, segundo o filósofo, o homem seria considerado culpado por manter-se em um estado de menoridade?
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
O uso público de sua razão deve sempre ser livre, e ele apenas pode difundir o esclarecimento entre os homens; o uso privado da mesma pode, contudo, ser estreitamente limitado, sem todavia por isso prejudicar sensivelmente o progresso do esclarecimento.
(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 409.)
Na passagem citada acima, temos uma distinção entre o uso público e o uso privado da razão e a observação de que o uso privado da razão não prejudica, necessariamente, o progresso do esclarecimento. Tendo em vista o texto citado e as explicações de Kant sobre o tema, defina o que seja o uso público e o uso privado da razão e explique o que seria necessário para que um profissional, um oficial ou um sacerdote, por exemplo, mesmo cumprindo suas obrigações no âmbito privado, não prejudicasse o esclarecimento
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Se, então, for perguntado: vivemos em uma época esclarecida? A resposta será: não, mas em uma época de esclarecimento. No atual estado de coisas, falta ainda muito para que os homens, tomados em seu conjunto, estejam em condições, ou possam vir a dispor de condições, de servirem-se do seu próprio entendimento sem a direção alheia de modo seguro e desejável em matéria de religião.
(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 413.)
Kant é um dos primeiros filósofos a se perguntar sobre o seu próprio tempo, no caso, se esse tempo corresponde a uma época esclarecida. Qual o assunto que Kant coloca em relevo quando ele se pergunta se vive em uma época esclarecida e por que, ao analisar esse assunto, ele pode dizer que vive em uma “época de esclarecimento”?
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
A humanidade é tão semelhante em todas as épocas e lugares que a história não nos revela nada de novo ou estranho nesse aspecto. Sua principal utilidade é apenas revelar os princípios constantes e universais da natureza humana, mostrando os homens em todas as variedades de circunstâncias e situações e fornecendo materiais a partir dos quais podemos ordenar nossas observações e familiarizar-nos com os motivos regulares da ação e do comportamento humano.
(Hume, D. Uma Investigação sobre o entendimento humano, seção 8, In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 379.)
De acordo com David Hume em “Uma Investigação sobre o entendimento humano”, seção 8, é possível fazer uma ciência da ação e do comportamento humano? Por quê?
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(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
O que se entende por liberdade quando esse termo é aplicado às ações voluntárias? Com certeza não estamos querendo dizer que as ações tenham tão pouca conexão com motivos, inclinações e circunstâncias que não se sigam deles com certo grau de uniformidade, e que estes não apoiem nenhuma inferência que nos permita concluir a ocorrência daquelas, pois tais fatos são simples e bem conhecidos. Por liberdade, então, só podemos entender um poder de agir ou não agir de acordo com as determinações da vontade; ou seja, se escolhermos ficar parados, podemos ficar assim, e se escolhemos nos mover, também podemos fazê-lo. (...) Qualquer que seja a definição que se dê de liberdade, devemos ter o cuidado de observar duas condições necessárias: primeiro, que essa definição seja consistente com os fatos; segundo, que seja consistente consigo mesma.
(HUME, D. Uma Investigação sobre o entendimento humano, seção 8, In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 390.)
De acordo com Hume, em “Uma Investigação sobre o entendimento humano”, seção 8, qual seria a boa definição de liberdade? Quais razões ele aponta para defender essa definição?
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